7/24/2007

A caça às bruxas e a acefalopatia dos gringos

No final da segunda guerra mundial, a direita do mundo tremeu.
O nazismo tinha sido derrotado e com ele alguns dos fascismos europeus apoiados por alguns sectores norte americanos. Sobretudo, e o panico das direitas vinha daí, a União Soviética tinha ganho a guerra a leste e libertado da ocupação nazi parte significativa da Europa.

Nos Estados Unidos uma onda de demonização do comunismo invadiu o país. Sindicalistas, activistas, artistas, cientistas, homens de letras, professores e intlectuais em geral foram colocados sob desconfiança pelo Comitê de Actividades Antiamericanas. O governo, temia possíveis de "infiltrações" do movimento comunista.

Para financiar a grande caçada o Congresso doou ao Comitê onze milhões de dólares para poder actuar. Alem do dinheiro, fez-se Lei Parkinson, a lei dos bufos, que autorizava o pagamento de agentes e informantes para "desmascarar conspiradores". O próprio governo fez sua parte com a "Ordem de Lealdade", de março de 1947, que obrigou todos os funcionários públicos a fazer um juramento de fidelidade às instituições nacionais.

A função de inquisidor, como sempre ocorre nessas ocasiões, atraiu o refugo dos congressistas, aqueles que só teriam protagonismo assumindo-se como pequenos Torquemadas; gente obscura como J. Parnel Thomas e, mais tarde, como o Joseph MacCarthy.


Em outubro de 1947, a repressão chegou ao cinema com o caso dos "dez de Hollywood". Dez profissionais de topo, foram chamados à depor: guionistas, realizadores, actores e escritores, foram levados a tribunal por actividades antiamericanas. A seguir aos primeiros “Dez” muitos outros profissionais do cinema foram afastados, caluniados e arruinados financeira e profissionalmente.

Alguns foram condenados a penas de prisão variavam de 6 a 12 meses de cadeia.
Em pouco tempo as desconfianças atingiram actores como Charlie Chaplin, Lauren Bacall, Humphrey Bogarth e E.G.Robinson.
Mas nem só gente do cinema foi atacada.
Grandes vultos da cultura europeia, que durante os anos da guerra tinham partido para uma America em paz, acabaram perseguidos por serem anti-fascistas. Entre eles, o próprio Bertold Brecht, exilado nos Estados Unidos havia 7 anos, foi obrigado a comparecer em tribunal em 30 de outubro de 1947. Não deixou nada por dizer mas acabou por ser expulso no dia seguinte. Thomas Mann, outro alemão exilado, tambem teve que sair.

Os estragos que este Comitê (que atuou até 1978) provocou na inteligência americana foram devastadores.

Criou-se um clima que serviu para banir livros e autores como Howard Fast, Arthur Miller e até o clássico da literatura americana "Vinhas da ira" de John Steinbec.

Foi esta histeria anti-comunista responsável pela paralisia e desaparecimento de qualquer pensamento original e contestatário entre a intelectualidade americana.
Nunca mais o cinema recuperou. Hollywood hoje é produto do anti-comunismo repressivo dos anos 50.

O comité anti-comunista, serviu sobretudo para amputar a inteligencia na produção cultural
O único gênero literário não-conformista que os estados unidos produziram foi o do beat movement, com seus escritores bêbados e anticonvencionais. Gente como Jack Kerouac e Allen Ginsberg, ou ainda os escritores Gregory Corso e Charles Bukowski. Todos eles existencialistas e politicamente indevidualistas. Sobretudo sem projeção no grande publico norte-americano, sem grandes editoras a produzir o seu trabalho e sempre criadores de contra-cultura enquanto resposta a uma produção cultural completamente acefala e politicamente correcta.

Hoje todos reconhecemos que o povo norte-americano é estupido e ignorante. Esta ignorancia foi criada politicamente pelo anti-comunismo e serviu e serve para prepetuar uma elite financeira no poder que precisa de gente estupida que se bata nas guerras e eleições. É por esta razão que não há cultura entre o Mexico e o Canadá.

7/17/2007

Mumia Abu Jamal e a luta de todos contra a injustiça

Segundo o relato de várias testemunhas, tudo aconteceu quando Jamal interveio para socorrer o seu jovem irmão mais novo, quando este estava a ser brutalmente espancado por um agente da polícia. Esta história veridica aconteceu em Filadélfia em finais de 1980.
Havia várias pessoas envolvidas na briga, incluindo um outro homem, não identificado, além dos dois irmãos e de dois policías. Como é habito nestas situações, houve muita confusão, gritos e disparos. Quando outro carro com mais policias chegou ao local, Jamal estava ferido e Faulkner morto.
Várias testemunhas declararam ter visto o homem não identificado fugir.
Estes foram os factos.
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Agora vamos à injustiça do sistema judicial norte-americano:
Porque Jamal é negro e tinha uma arma na mão, a polícia não teve que fazer grandes esforços de investigação, o culpado já tinha sido encontrado. Abu Jamal foi imediatamente para o hospital sob prisão.
Nenhuma perseguição ou busca foi feita pela polícia. A arma que foi encontrada com Jamal não poderia ter disparado as balas que mataram o Faulkner, apesar disso, nenhum exame de balística foi efectuado.
As testemunhas contradizem-se e desaparecem. Uma das testemunhas declarou que a polícia o ameaçou com a prisão caso testemunhasse. Outros asseguraram que a polícia os havia intimidado para que eles mudassem seu testemunho.
Para melhor fazer a cama ao Jamal escolheram como juiz para presidir o processo, Albert Sabo, já famoso como o “recordista” em número de condenações à morte. Para que não houvesse dúvidas, o juiz, imediatamente antes do julgamento declarou publicamente sua hostilidade em relação ao réu. .
A unica testemunha que acusou Jamal, Verónica Jones, depôs contra o réu mas mais tarde veio a alterar as suas declarações alegando que fora obrigada a mentir porque a policia a havia ameaçado usar contra ela antigas acusações de mau comportamento que poderiam custar-lhe a guarda dos filhos. Quando Verónica contou isso, foi imediatamente presa.
Um último promenor: o júri foi formado após a remoção de onze jurados perfeitamente qualificados, afastados pelo simples facto de serem negros
Jamal foi levado a julgamento em Junho de 1982 e condenado à morte em 3 de Julho.
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Jamal está no corredor da morte à 26 anos.
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Porquê todo este ódio contra um homem?
O carácter político do julgamento ficou explicito quando o FBI apresentou, como “prova” contra Jamal, um arquivo de mais de 600 páginas contendo um resumo de suas actividades politicas enquanto militante dos movimentos de emancipação dos negros.
No corriculum deste perigoso terrorista, está a prisão pela primeira vez, em 1968, aos 14 anos, durante uma manifestação contra o racista George Wallace, então em campanha eleitoral para a presidencia. Aos 15 anos, participou num movimento que ia no sentido de rebatizar a escola onde estudava com o nome Malcolm X e ajudou a criar o comitê do Partido dos Panteras Negras (Black Panther) em Filadélfia. Mais tarde, tornou-se membro da redação central do jornal deste movimento.
Nos anos 70, passou a fazer parte de uma lista do FBI de pessoas que “ameaçam a segurança dos Estados Unidos”, ou seja, passou a fazer parte de uma lista com os nomes daqueles que seriam imediantemente presos assim que se arranjasse motivo.
O motivo foi arranjado em 1981.
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Jornalista e autodidata, Jamal tornou-se locutor de rádios locais e de uma rede nacional de emissoras negras. Além de entrevistar gente como Bob Marley e Alex Haley, ficou conhecido através do programa “a voz dos que não têm voz”.
No seu traballho na rádio, denunciou a violência policial - em particular, a violência de natureza racista - e os dramas diários da população pobre.
Enquanto jornalista, foi várias vezes ameaçado pela policia e por políticos, como o presidente do município de Filadelfia Frank Rizzo.
Em 1994, a rede Rádio Pública Nacional contratou o prisioneiro para fazer comentários sobre a vida na prisão. Mas mesmo preso, Jamal continua a assustar muita gente no poder. O programa foi cancelado antes de começar, sob forte pressão do The New York Times, do senador Robert Dole (então, líder da maioria no Senado) e da Ordem Fraternal (que tentou, em 1995, proibir a publicação de seu livro Live from Death Row - Ao Vivo do Corredor da Morte.
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Seria impossível descrever, neste espaço, todos os detalhes da complexa e árdua batalha judicial e política que se seguiu à sentença de morte de julho de 1982.
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Para se ter uma idéia da real dimensão do caso, basta uma lista muito parcial da entidades e personalidades que já clamaram por justiça, em sua defesa de Mumia Abu Jamal:
Congresso Nacional Africano,
Anistia Internacional,
Parlamento Europeu,
Ordem Nacional dos Advogados (dos Estados Unidos),
Comissão internacional pela Abolição da Pena de Morte,
Nelson Mandela,
Jacques Derrida,
Stephen Jay Gould,
Jesse Jackson,
Danielle Mitterrand,
Salman Rushdie,
Elie Wiesel
Bono Vox
o arcebispo Desmond Tutu,
todos estes entre muitas outras persolidades.
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Exactamente por ter atingido tal dimensão, o seu julgamento tornou-se exemplar.
Caso Jamal venha a escapar à execução, o estatuto da pena de morte terá sofrido um duro golpe, e não apenas nos Estados Unidos - que representam, hoje, no quadro da ONU, o maior obstáculo político à abolição total da pena de morte em todo o mundo.
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Conhecer e divulgar a injustiça de que Jamal é vítima, é lutar contra a barbárie norte-americana e contra o seu sistema penal da xaria do dolar que o imperialismo sonha impor no mundo. Contar a história de Jamal é lutar contra a jaula dentro da qual os EUA nos quer fechar a todos.

7/10/2007

PARABÉNS AO LAVRADIO

Neste ano de 2007 em que se assinala o centenário da CUF no barreiro, foi encerrada a AP -- Amoníaco de Portugal porque enviava para o ar três vezes mais amoníaco do que aquilo que é permitido por lei.

Foi preciso que um grupo de cidadãos começar a mexer-se e fizessem um abaixo assinado a dizer que já chega de encher os pulmões de amoníaco para que os senhores do ministério do ambiente viessem levantar uma palha e fizessem as medições. Depois de medidos os valores, nada mais a fazer... a AP teve encerrar a produção até que possa provar que já consegue fazer amoníaco sem despejar os restos no ar do Lavradio. Ganha assim a população e o ambiente. Admito que os accionistas da AP, possam obter menos lucros.


O presidente da Junta de Freguesia do Lavradio, um independente eleito pela CDU, Adolfo Lopo, manteve-se ao lado da população como é o seu dever. À comunicação social, esclareceu que o que aconteceu com esta fábrica foi uma avaria num dos sistemas de filtragem do ar que a direcção da AP decidiu reparar, da pior maneira, enviando para a atmosfera os gazes não filtrados.

Poupam-se mais uns cobres aos donos da fábrica AP e os trabalhadores e as populações que se lixem...
No Barreiro esta tradição tem 100 anos.
Desde que o Alfredo da Silva decidiu trazer para o Barreiro as suas fábricas, que o lucro dos accionistas sempre esteve á frente do bem estar das populações e dos trabalhadores.
Antes da CUF uma parte significativa da população vivia da pesca, o capitalismo selvagem industrial à boa maneira do Alfredo da Silva arrasou por completo os ecossistemas ribeirinhos. No lavradio havia vinhas quase até à praia. No Alto-Seixalinho searas e pomares. Nas praias do Barreiro bancos de ostras.
Hoje há fábricas abandonadas, prédios com casas à venda e cascas de marisco nas praias.
O desenvolvimento que o Alfredo da Silva pretensamente deu ao Barreiro, foi um desenvolvimento baseado no crescimento da sua própria carteira.
100 anos depois do Alfredo da Silva e da CUF terem destruído o Barreiro, os únicos beneficiados foram os netos do Alfredo da Silva, os do grupo Mello, que são detentores de uma das maiores fortunas deste país.
Uma dessas fortunas construídas à conta do trabalho, da saúde das populações e do equilíbrio ambiental deste planeta que é de todos.
Quando se fala em assinalar (alguns defendem mesmo o termo comemoração) dos 100 anos de CUF no Barreiro, eu pergunto assinalar o quê?
Acho que o que devemos comemorar são as coisas que conseguimos construir apesar do Alfredo da Silva...
A CUF no Barreiro, fez-se império à custa da inexistência de direitos sindicais, à custa da violação ecológica e à custa do proteccionismo económico que a ditadura salazarista fez aos interesses do Alfredo da Silva. Nenhum destes infâmias podem ser comemoradas. As injustiças devem sim, ser lembradas para que não voltem a acontecer.
Digna e merecedora de comemoração, é esta vitória do povo do Lavradio sobre a AP (mais um tumor deixado pelo Alfredo da Silva) que sofreu esta sanção imposta directamente pelo esforço da população. Isto sim é desenvolvimento, são os direitos colectivos a pervalecerem sobre os interesse do lucro.
Pelo direito a respirar.


Interessante também é analisar as pequenas contradições da politica local:


O senhor delegado de saúdo do Barreiro, o Dr. Mário Durval, dirigente do Bloco de Esquerda, diz que se calhar não era preciso fechar a fábrica, segundo a sua opinião, é só uma questão de vento... quando se fez a medição estava um vento tramado que empurrou o amoníaco para dentro dos pulmões da malta...
A mim parece-me que há aqui alguma confusão: ou o Dr. Durval se assume de esquerda, mesmo da “bloqueada” e se posiciona inequivocamente ao lado das populações, ou assume o carácter social democrata do bloco a que pertence e passa definitivamente para o lado dos acionistas das fábricas...

Surpreendente foi a posição do PSD na pessoa do vereador Bruno Vitorino, um social democrata e liberal, vereador do ambiente da Câmara do Barreiro. Aparentemente o Vereador Bruno Vitorino ficou meio engasgado com os bafos do amoníaco e veio dizer que se tem de pensar nos trabalhadores antes de se pretender encerrar a fábrica...
Só vejo uma explicação possível: o Vereador Vitorino, produto da convivência com os eleitos da CDU ganhou por osmose preocupações de esquerda e tendo em conta a fidelidade que o seu partido deve ao patronato tentou bater com o martelo dos comunistas simultaneamente no cravo e na ferradura...


Fiquei à espera das declarações do PS local... Esperei em vão porque não saiu nada...
E não é porque os socialistas esteja afónicos nem por andarem em sessões espiritas a tentar comunicar com os fantasmas dos asteriscos...
Tendo o PS local uma tão proxima relação com a direcção da Quimiparque, e tendo sido o seu o ministério do ambiente que fechou a fábrica... ficou o PS do Barreiro assim como que dividido entre a obediência aos seus verdadeiros patrões, o grupo Mello, e a subserviencia ao Largo do Rato que distribiu os tachos.


Resta agora assistir a como vai o ministério do ambiente gerir a situação.
A fábrica pode e deve continuar a trabalhar. Pode e deve reabrir gastando mais um bocadinho em tecnologia de limpeza e melhorando a sua competência enquanto factor de desenvolvimento social, servindo a sociedade com respeito pelas populações e pelo ambiente onde está inserida. Fábricas assim é que valem a pena ser comemoradas. Não as outras.
Está pois de parabéns o povo do Lavradio.
Boa Adolfo!!!

7/09/2007

Já nasceu!!!!

O nosso pequeno emigrant já nasceu!

3,100kg, 50 cm, lindo (palavras da FM).

09-07-07, 17h00

Paris de França, 9 de Julho de 2007

É o que vai constar do BI do Kiko que nascerá na próxima hora de cesariana.
Aguardamos ansiosamente a notícia do seu nascimento.

Estamos contigo CM!
Bjs também ao Xano e Avó FM.

09/07/07, 15h45

7/04/2007

Sobre a proíbição da TAAG no espaço europeu



Em 1887, o médico escocês J. B Dunlop, tirou do cu com um gancho a ideia de equipar a bicicleta do puto com um pequeno tubo insuflável de borracha. Bem sacada a invenção.
A patente do pneu foi registada em 1888. Nos anos seguintes a procura da borracha disparou exponencialmente.
As economias europeias andaram sobre rodas e acelararam ainda mais a industrialização do deste velho continente.
O rei da Bélgica, Leopoldo II, emitiu um decreto em 1891, em que concedia aos seus representantes no Congo o monopólio do comercio da borracha. Pelo mesmo decreto, os habitantes do Congo, eram obrigados a fornecer borracha e mão de obra. Na pratica este decreto, tornava lei o roubo da borracha e a exploração do trabalho escravo de todos os congoleses.
Aos representantes de Leopoldo II, bastava requisitarem mão-de-obra e borracha ao “indígenas”. Sem pagamento. Aqueles que recusavam esta infâmia, a acção civilizadora da potencia europeia tratava de incendiar as aldeias, assassinar os filhos e cortar as mãos ao mais velhos.
Estes metodo de desenvolvimento económico resultou em enormes lucros para a Bélgica. Foi com estes lucros que se construiram alguns dos monumentos mais marcantes de Bruxelas: as Arcades du Cinquantenaire, o Palais de Laeken ou o Chateu d'Ardennes. Poucas pessoas hoje em dia recordam quantas mãos amputadas custaram estes monumentos.

A borracha marca o inicio do ciclo colonialista.
Determinante tambem para o desenvolvimento do colonialismo foi a invenção do navio a vapor.
As potencias europeias, a bordo dos seus navios ditaram no mundo uma politica por esmagamento, muito parecido ao que o Atila tinha feito mil anos antes em de cima do seu cavalo. No entanto, até ao inicio do seculo XIX a maioria das cidades estava ainda fora do alcance da artilharia naval.
Foi a partir de 1850 que os navios a vapor começaram a subir os rios da Asia e de Africa. Assim se inaugurou uma nova época na história do imperialismo. Através dos seus navios armados de canhões, as potencias europeias passaram controlar pela força das suas armas, áreas imensas.
A canhoeira tornou-se um simbolo de imperialismo nos principais rios africanos. No Nilo, no Niger, no Congo ou no Zambeze, o navio a vapor empurrou a civilização do canhão Africa a dentro.

A este roubo continuado de recursos naturais através da força das armas, os historiados chamam colonialismo.
O Colonialismo foi na historia da humanidade um dos fenómenos mais perversos até hoje documentado.
A partir da segunda guerra mundial a coisa foi mudando. Não só porque se modificaram os modelos de produção, mas tambem porque os povos africanos assim o quiseram. A partir dos anos 50, através de um enorme esforço, Africa foi conseguindo emancipar-se do colonialismo.
A velha Europa, nunca viu com bons olhos esta Africa que resolveu lutar pelos seus interesses.

Angola, que neste momento é uma potencia em termos económicos e estratégico no contexto africano, é para os neo-liberais europeus um motivo de indigestão.
É um motivo de indigestão, sobretudo porque é um país construído com muita vontade própria e não deve favores às potencias europeias.
Os senhores banqueiros europeus, não gostam de Angola, porque contra os interesses dos joalheiros belgas, holandeses e ingleses que continuaram a comprar diamantes em saldo à Unita para financiarem a guerra, esta Angola de paz, exige o preço justo pelas gemas que são própriedade do seu povo.
Angola é uma pedra no sapato de uma certa visão europeísta, porque, entre outras coisas, prefere fazer trocas comerciais com os chineses e rejeita a “mão amiga” que uma Europa interesseira lhe estende.
Angola é mal vista pelo do imperialismo inglês, porque assume a sua amizade com o povo do Zimbábue e com o seu líder Robert Mugabe, que a Inglaterra tem como um inimigo dos seus interesses na Africa austral.

Por todas estas razões, esta Europa monumental construída com os lucros de uma perversão histórica, decide após uma cimeira Euro Africana, atacar a mobilidade do povo angolano, atacando a TAAG. A união europeia, por decreto proibiu a Transportadora Aérea Angolana de voar dentro do espaço europeu.
Uma opção claramente politica com contornos de vingança contra uma Angola que emerge com o seu próprio esforço de desenvolvimento.

Angola não é um país perfeito.
Angola ainda não tem um industria capaz de produzir os aviões que precisa. A TAG voa sobretudo com aviões Boeing 737 que são o mais popular avião comercial de passageiros de fuselagem estreita para médio-alcance no mundo. Exactamente os mesmos aviões com que o Quenia ou a Tanzania voam para Londres, Frankfurt ou Oslo.
Angola, ao contrário do Quenia, não tem acordos em que são companhias inglesas a fazer a manutenção. A manutenção dos aviões da TAAG é feita por angolanos.
Angola, não sendo um paraíso na terra, é um país produto do esforço do seu povo. Os angolanos, têm um enorme e justificado orgulho no seu país, construído contra os poderosos interesses das potências estrangeiras que com cobiça afiaram e afiam os dentes para as riquezas angolanas.
Se a Europa não quer aviões da TAAG nos aeroportos europeus, Angola, tem a legitimidade de não querer aviões europeus nos aeroportos angolanos.

Lamentável é a posição de Portugal. No meio deste feio enredo, o ministro Luís Amado, perdeu uma oportunidade de afirmar Portugal na Europa como um país de vontade própria, valorizando esse património comum que é lusofonia, assumindo a diplomacia portuguesa como um interlucutor previlegiado com Africa, protegendo e reforçando assim as relações de amizade entre os povos angolano e português. Para que tudo isto fosse verdade, bastava o governo português dizer: a TAAG pode continuar a voar para Portugal.
Em vez de cumprir o seu dever enquanto membro da CPLP (Comunidade de Povos de Língua Portuguesea) esta diplomacia que nos calhou, baixou a cabeça envergonhada e calou-se perante uma injustiça que prejudica claramente as relações entre os povos da lusofonia. Na realidade, a diplomacia portugesa continua hoje a fazer o que sempre fez: abanda o rabo, lambe as mãos aos ingleses e espera que lhe atirem os restos do jantar.