Quem tem Terra tem onde ir passar o Natal!
Acho que a ideia é gira. Temos, de facto, muitas coisas em comum e também outras que nos separam. Pode ser muito giro ver o que nos faz diferentes uns dos outros nos pormenores quando o background é mais ou menos semelhante.
Se não se importam eu gostava de lançar aqui uma discussão....
Eu noto uma diferença entre quem tem Terra ou os pais têm Terra e aqueles que já nasceram no Barreiro ou os seus pais também. Eu, nos meus 31 anos continuo a dizer, de vez em quando, que vou à Terra. Isto quer dizer, que vou à terrinha dos meus pais, dos meus avós, dos bisavós, and son on and so on...
Para além das pessoas que mais gosto viveram lá, não há absolutamente nada que me prenda ao Barreiro, apesar de admitir que tenho um certo orgulho de ter crescido numa terra de sangue na guelra que me fez naquilo que, para o bem e para o mal, sou hoje: mau feitio, estar sempre à coca, desconfiar sempre do patronato, utilizar a palavra "pidesco", andar sempre em frente, estar-me a cagar para apelidos e aristocracias e ricos e acreditar numa ideia de progresso.
Por exemplo, as meninas e os meninos cujos pais nasceram no Barreiro andaram no Barreirense e nos Franceses, logo, eram uma cambada de betinhos. Quem tinha avós letrados era porque também era do Barreiro. Quem tinha avós analfabetos e fazia ginástica e karaté no Paivense e 31 de Janeiro, é porque vinha do Alentejo, Algarve e Beiras...
Nota-se até na própria gastronomia. Os netos e filhos de barreirenses sabem os nomes dos peixes que aprenderam com a família e comem todos caracóis de certeza! Eu cá cresci a ouvir dizer o meu avô a referir-se ao camarão: "Que raio de bicharoco é este". Isto em 1980 no restaurante Bonanza da Recosta num casamento... Quantos aos caracóis nem comento... O imaginário está mais povoado de matanças de porcos, javalis, e de cabritos... Coisas de ratinhos...
As pessoas do Barreiro, como não têm terra têm segundas residência em terras normais tipo: Tavira, Armação de Pêra, Albufeira, Ericeira. As que não nasceram aí têm casa em terrinhas com nomes como Vale da Bezerra, Vale do Cobrão, Vilar do Boi, Vale da Mula, ...
Se calhar são disparates o que eu estou para aqui a dizer! Mas comecei a pensar nisto quando entrei no nosso blog e não quis deixar de partilhar isto convosco.
posted by blimunda @ 10:10 da manhã
5 comments
5 Bocas:
Essa é mesmo de espirito ratinho!
Atão a malta a unir-se e boxa exechelênchia à procura de diferenças???
Quem tem terra, se não fosse quem é, diria que não é do Barreiro.
Depois esse problema com caracois e outros mariscos é um evidente handicap num barreirense!
E essa das segundas casas, minha cara, eu tenho como segunda casa um vinte avos de herança de uma casa de duas assoalhadas no LAVRADIO.
No meu imaginário está o associativismo e um orgulho muito grande do colectivo, marcado pelas lutas contra a ditadura, e um aroma a terras e comeres alentejanos.
As terras dos barreirenses de 1ª geração que conheci eram sitios como Garvão, Alvalade, Panoias...
Sempre senti os Alentejanos, mesmo recém chegados, mais Barreirenses que todos os que tinham atravessado o rio para cá chegar. Mas isso deve ser preconceito meu.
Neste sentido, a norte do Tejo, apenas existe o exilio diário da jorna que nos permite comprar o pão. Alentejano, claro.
pois cara amiga Blimunda esta é de facto uma conversa de ratinho.
?A minha terra é que é boxejes aqui até comeis ojes caracoijes que andem nas coubes?....
Xois uns betinhos porque iam ao barreirenxe e aos franxeses.
O Barreiro é uma terra por natureza internacionalista.
O Barreiro e as gentes do Barreiro sempre souberam integrar e partilhar o pouco que sempre tivemos com as pessoas que vêm de outros lugares. Vejam o caso dos alentejanos que são do Barreiro e que não deixam de ser alentejanos. Vejam os grupos desportivos recreativos da Quinta da Lomba e do Chinquilho com corais alentejanos.
Acho querida Blimunda que estas a confundir "género humano com manuel germano". Ou como diz o teu amigo Kassamá (que é completamente barreirense com um nome guineense e com feitio e hábitos de alentejanos): ?estas a confundir o olho do cu com o infinito?.
Do Barreiro não é quem nasceu no Barreiro, ou cujos pais nasceram no Barreiro , ou cujos avós nasceram no Barreiro, barreirense é que se sente do Barreiro.
Mais, não leves a mal lembrar-te atua origem étnica, e não fui eu que comecei com tribalismos.... mas é típico dos ratinhos terem essa ligação à terra... vê os emigrantes ratinhos em França que mesmo depois de viverem em paris à 35 anos continuam a xer da cobilhã ou do xabugal. Xó nas beiras xe mata proque o bijinho me desbiou o rego dei agua.
No Alentejo a terra não é mais do que o chão que os homens pisam quando caminham.
No Barreiro a terra é de ninguém e as ruas são nossas!!!
Como diz o peta do Barreiro, Joaquim Pessoa ?as ruas não tem idade porque são sempre do povo.?
e tenho dito.
de resto sou contra.
saudações revolucionarias.
Os meus pais tb não são de cá, nem sequer a minha irmã que só tem mais 7 anos que eu...
A grande diferença que eu senti ao longo da minha vida foi que os meus colegas de escola iam para casa dos avós a seguir à escola e eu ia para a Loja para o pé dos meus pais. A família que eu tinha mais perto era uma tia que era caseira de uma quinta Cabeço Verde e uns primos em Santo António e na Fonte de Feto que via ainda menos que os do Alentejo e Ribatejo.
Agora, em relação a nomes das terras, a minha mãe é de uma terra chamada Fajarda e o meu pai das Cortiçadas do (do, não de ) Lavre...
Sim, os meus avós tb eram analfabetos e os meus pais começaram a trabalhar em crianças no campo, sendo que o record na minha família é da minha avó materna que começou a "alancar" no campo aos sete anos; ela sabia "escrever o nome e ler"...
Quanto aos caracóis, não se pode dizer que é uma cena de barreirense é mais uma cena do Sul, os ratinhos não comem caracóis...
Os nomes dos peixes tb não têm nada a ver... tb é uma cena de ratinhos... o meu avô era ribatejano e era peixeiro, por isso...
Acho que o mais interessante é que nos está do sangue, somos barreirenses, sim senhor, de 1ª, 2ª ou 3ª geração... isso não interessa nada.
Por falar nisso, nem o meu filho que a mãe e o pai são do Barreiro, mas é nado e criado no Alto Seixo!
O que interessa é que o nosso lema é mesmo verdadeiro: "Pode-se tirar um gajo do Barreiro, mas não se pode tirar o Barreiro de um gajo!"
tou sentido um fio de beque gostosão..;)
blimunda
Desculpem lá mas o meu comentário anterior está errado onde se lê:
"Por falar nisso, nem o meu filho que a mãe e o pai são do Barreiro, mas é nado e criado no Alto Seixo!"
deve ler-se:
"Por falar nisso, nem o meu filho tem mãe e o pai do Barreiro, já que o pai é alfacinha, mas é nado e criado no Alto Seixo!"
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