11/24/2005

a maior arvore de natal da europa


Todos os dias passo debaixo da maior arvore de natal da Europa.
È grande e eu acho que é directamente proporcional à estupidez colectiva.
Imenso monumento à imbecilidade dos portugueses. Somos um povo de gente pobre e endividada que gosta de ver as luzinhas a brilhar e ficar à espera que um deus ou um presidente venha resolver os problemas da malta. Em geral gostamos do natal. Por isso a arvore está lá, bem a propósito na Praça do Comercio.
Templo cónico erigido à idiotice, todos os dias esbarro nos paspalhos que ficam de focinho para o ar a admirar a coisa.
Não vou sequer falar nos custos do mamarracho temporário. Não vou falar do numero de crianças subalimentadas no concelho de Lisboa às quais a câmara podia oferecer o pequeno almoço na escola durante o próximo ano lectivo com o eurozitos que gastou na arvore de ferro.
O meu otorrino de hoje é para falar da farsa que é o natal.
Cada ano que passa gosto menos do natal.
E cada vez gosto menos do natal em tudo aquilo que o natal representa.

Dizem-me que o natal é um pretexto para estarmos juntos daqueles que gostamos.
Amo a minha família. Gosto dos meus amigos. Não preciso de uma festa religiosa para dizer-lhes isto. Não preciso de pretexto simbólicos para ficar em família à volta de uma mesa. Não preciso de uma festa religiosa para jantar com amigos.
Há quem associe o natal é generosidade e partilha. A troca de prendas e tal e coiso. Para mim é consumismo e hipocrisia. Há um marketing violentíssimo à volta da coisa de modo a que todos compremos muito. Compremos tudo. Compremos o que não precisamos. È a orgia completa do consumo desenfreado.
As pessoas menos intoxicadas encolhem os ombros quando critico o natal e dizem que o natal é sobre tudo para as crianças. Isso a mim ainda me deixa mais preocupado. Que mundo é este que estamos a construir em que habituamos as nossas crianças a receber brinquedos ás carradas num dia especifico do ano??? Os putos ficam embriagados de propriedade. È meu aprendem a dizer na noite de natal.
Difunde-se a ideia que o natal é amor. Eu gosto de pessoas e sinto legitimo e verdadeiro amor pela humanidade como um todo. Não preciso que haja uma data para me lembrar disso.A mensagem religiosa transmitida no natal e na celebração do natal, é a mensagem do nascimento de um novo mundo e de uma nova humanidade. Esta talvez seja a mensagem natalícia que mais me toca. Gosto da ideia de um novo mundo mais justo e solidário e de uma nova humanidade mais fraterna. De qualquer modo, eu por mim estou convicto que o novo mundo e a nova humanidade que aí vêem são coisas que não nascem por si... é preciso lutar por elas todos os dias. Seja natal ou não

3 Bocas:

At 12:13 da tarde Blogger Unknown said...

Como não sou pessoa para me entusiasmar demasiado com a simplicidade das coisas, não consigo deixar de encontrar parelelismos talvez menos convencionais nestas coisas das festividades.
E o natal (natividade/nascimento), personificado no nascimento de Jesus, icone máximo da religiosidade da nossa cultura ocidental, com ou sem cruz, com ou sem santidade, não poderia escapar a essas minhas análises.
Assim, relembro a coincidência entre o natal (com três dias de diferença graças ao papa Gregório que por via da ressaca não percebia nada de calendários) e o solstício de inverno. O dia mais curto e a noite mais longa do ano. No ritmo da natureza esta seria a verdadeira passagem de ano, e à sua maneira assim terá sido, sem dúvida, festejada nas culturas "pagãs".
Depois veio roma e a cristianização do Constatino I (o imperador, não o brandy) e a coisa passou a ser oficial, e como tal ligada ao poder e à riqueza, o que a meu ver, lixou tudo, exigindo atestados e papeis azuis de vinte e cinco linhas em deterimento daquela história das boas intenções.
A História, que dos vencidos não reza, encarregou-se de apagar os registos da verdade dos perdedores, de onde apenas foram sobrevivendo umas duvidosas lendas.
Mas há mais. E passo a citar (com aligeiramento para não moer)
A origem mitraica é a que é mais plausível para explicar a data do actual natal: os adeptos do mitraismo costumavam se reunir na noite de 24 para 25 de dezembro, (...), numa festividade chamada - no mitraismo romano - de Natalis Invicti Solis (nascimento do Sol triunfante). Durante a fria noite, faziam oferendas e preces propiciatórias, pelo regresso da luz e do calor do Sol, representado pelo deus Mitra. O cristianismo, ao fixar essa data para o nascimento de Jesus, identificou-o com a luz do mundo, a luz que surge depois das prolongadas trevas.
O que convenhamos, faz sentido.
E neste contexto de opulência, de consumismo desenfreado e de árvores de natal gigantes que em vez de gente, alimentam egos, e a electricidade e o petróleo tornou as noites longas em curtas, não me parece totalmente desajustado, dedicar este natal, uma vez mais, ao(s) mitra(s).

 
At 3:31 da tarde Blogger blimunda said...

Eu cá estou a cagar-me para o Natal, para a Páscoa e para o Carnaval. E isto é de família, tenho a dizer. E, também náo fiquem a pensar que não preservo os valores da família e dos amigos e da fraternidade e solidariedade entre os povos. Os meus pais também não querem saber muito destas coisas natalícias e nunca me vieram com a tanga do pai natal e do menino jesus e eu creio que seguirei pelo mesmo caminho com a ginga. Espero que o pai dela esteja de acordo comigo...
Não preciso de ocasiões destas para estar com as pessoas que gosto. Agora também não me fecho numa redoma. Relaxo e aproveito! Querem reuniões á volta de~árvores de natal e de mesas super bem decoradas e alimentadas? Vamos nessa! Na boa e garanto que me divirto na mesma.

 
At 4:48 da tarde Anonymous Anónimo said...

Quem pagou a arvore?
R. o BCP
Jardim Gonçalves e agora Teixeira Pinto a que seita pertencem?
R. OPUS DEI
Para quê a OTA?
R.FÁTIMA
Já se vê, procissões em Lisboa, árvores, cavaco (tb pertence à seita)anda tudo ligado.

 

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