12/14/2005

caminho sem regressso


Era um tipo mental e fisicamente frágil.
Conhecemo-nos através de uma amigo comum e depois tornamo-nos íntimos quando o X começou a namorar com uma amiga muito próxima.
Tínhamos vinte e poucos anos e estávamos no inicio da faculdade.
Este gajo de que vos falo, e que vou chamar X, era um tipo que tinha sido aluno de artes e que estava a estudar arquitectura.
Um gajo do tipo introvertido. Com uma cultura talvez acima da media. Vestia-se bem e era dos poucos que já tinha carro para dar as suas voltas. Filho único os pais tinham dinheiro para a roupa sempre de marca e as extravagancias do menino. Independentemente disso era um tipo com quem era fácil estar. Os interesses intelectuais do X eram a pintura e o espiritismo. Não bebia álcool e tivemos longas conversas sobre a persistência da alma e sobre a influencia do ocultismo na pintura do salvador Dali.
O X gostava de discotecas e chegamos a sairmos juntos e em grupo para a noite de Lisboa. Delicado e com sentido de humor passamos alguns fins de semana juntos na casa que os pais dele tinham na Costa.
O namoro do X com a minha amiga acabou e eu deixei de ter tanto contacto com o rapaz.
Tive uns tempos sem o ver.
Quando o reencontrei, o X disse-me que estava a recuperar de um depressão. Estava a tomar comprimidos e tinha ganho mais peso. Continuava introvertido. Trocamos números de telefone e não nos voltamos a encontrar.
Passaram-se anos.
Parece que se envolveu a sério nas drogas. Cocaína e ecstasy.
Voltou a estar deprimido.
Mais tarde disseram-me que o X se tinha mudado para o Alentejo para fugir do Barreiro de das drogas. Fiquei céptico como sempre fico com estas curas geográficas.
Não voltei a ouvir falar no rapaz até hoje.
Uma amiga que também conheceu o X na mesma altura que eu, nesta manha de sol entrou-me aqui pelo o computador a dentro e contou-me a historia que aqui partilho:
O X voltou esta semana ao Barreiro, discutiu com a mãe e matou-a.
Matou a mãe com uma faca de cozinha.
Depois de matar, saiu de casa sujo de sangue, foi ao café comprar cigarros, bebeu uma bica e desapareceu.
A policia encontrou-o a vaguear na nacional 10.
Cá eu, que pensava que tinha ja perdido a capacidade de me impressionar, continuo a conseguir ficar chocado com o absurdo. Valha-nos isso.

3 Bocas:

At 1:46 da tarde Anonymous Anónimo said...

cenas filha da mãe!

 
At 7:51 da tarde Blogger Caganita said...

Porra!!
Ele há disso por aí!
Até fujo!

 
At 2:03 da manhã Anonymous Anónimo said...

será isso a geração X?

 

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