Cada vez sou mais Ateia

Cada vez sou mais ateia. Nos dias que correm ainda sou mais com o folclore da banda desenhada e a trasladação de um corpo de uma senhora de um sítio para o outro que merece honras de horas e horas de cobertura televisiva e que na altura da sua morte até conseguiu que o homem mais rico do país estivesse numa fila para lhe ir prestar homenagem. Não tenho nada contra este último facto porque o senhor tem a liberdade de ir onde quiser, mas em relação à TV pública já tenho muitas dúvidas.

A imagem que está aqui representa aquilo que para mim significa a religião: cada um que interprete as coisas como quer e por favor deixe os outros fazer o mesmo. Existe aqui um relativismo tremendo. Nós que vivemos num país, aparentemente laico, atacamos o fundamentalismo islâmico mas esquecemo-nos que há uns anos atrás, no tempo em que ainda era um humorista brilhante, o Herman ter tido problemas por se ter metido com um qualquer assunto de teor religioso barra católico... Os muçulmanos atacam agora a Dinamarca, país para onde de certeza muitos jovens desempregados adorariam poder emigrar para ali encontrarem melhores condições de vida. Muitos dos europeus têm pensamentos xenófobos perante os países de religião maioritariamente muçulmana mas adoram ir lá passar férias em busca de exotismo.

Na banheira que é o Mediterrâneo os movimentos humanos são de uma grande monotonia: de Norte para Sul viajam os europeus em busca de férias, de Sul para Norte viajam os magrebinos e sub-saharianos em busca de trabalho. Cruzam-se pelas ruas, estradas, transportes mas fingem que são completamente diferentes uns dos outros. Quando toda a gente sabe que todos temos os mesmos buracos e as mesmas necessidades de os encher... e de os esvaziar. Ou, como dizem os Taoistas, "Shit happens".