A 3 metros de Ceuta, a três metros do fim do mundo
Os três metros a mais que aumentam a distância entreAfrica e a Europa provocaram a morte de cinco dos trezentos africanos que procuravam a miragem de uma nova melhor vida. Do lado de cá, no fim do mundo, no Estoril uma familia de origem africana que conseguira passar par o lado de cá morreu queimada.
Em comum tinham a dor e o sonho e agora partilham a morte.
E tudo isto numa Europa que continua a manter colónias no norte de Africa e a impedir o acesso das pessoas à sua riqueza, de um e do outro lado da barreirra plantada em solo Africano.
O ocidente do progresso civilizado continua a ser a terra da exclusão dos que nele habitam e dos que nele desejam habitar, e mesmo aqueles que condenavam outros muros parecem viver tranquilamente com este fosso.
A Europa fortaleza refugia-se no conceito de legalidade que criou e que gere a seu proveito, ignorando os mais elementares principios de humanidade e justiça. Nunca este fosso euro-africano impediu a saída de influência, colonos, bens comerciais e vicíos, mas desde sempre consumou a importancia de manter a miséria longe das mentes higienicamente e correctamente civilizadas que devem ser preservadas de tais incómodos a qualquer custo. E o custo, aqui, são vidas humanas que não sendo valorizadas, foram - mas já não mais - úteis a esta europeia civilidade.
O negros de ceuta e do fim do mundo são os mesmos negros de Orleans. Ficando a dúvida se o Katrina foi semeado pela recusa americana de Kioto, fica a certeza que espanha continua a plantar estacas ferro em terras alheias e portugal a pintar postais turísticos atirando com a miséria para as traseiras.
Mas terroristas são eles, que matam por fé e fome. Nunca nós que o fazemos por ganância e desumanidade. Ceuta e o fim do mundo não ficam no oriente, nem no iraque. Ficam aqui, a três metros de nós.
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