Afinal isto não está mal para todos...
Os lucros dos três maiores bancos privados nacionais ascenderam em 2005 a cerca de 1.300 milhões de euros, o que representa um aumento global médio de 56 por cento em relação a 2004.
Não há milagres a «cavalgada da Banca», explica-se não por qualquer milagre mas sim por razões bem concretas, como é o caso, do elevado endividamento da generalidade dos portugueses (já se atingiu o valor recorde de 124 % do rendimento disponível das famílias) ou do estrangulamento financeiro de muitas empresas, «a braços com volumosos níveis de endividamento, brutais restrições de crédito e elevados serviço de dívida».
Indissociáveis do estado de coisas a que se chegou são, por outro lado, «os brutais e especulativos custos dos serviços bancários, pelos cartões, pelas contas, pelos cheques, etc., etc., as ditas comissões bancárias, que mais uma vez subiram em todos os referidos bancos, depois de terem um crescimento acumulado de 46%, entre 1986 e 2004, representando 22,5% do Produto Bancário em 2004 face a 18,5% em 1998».
Vem também a este propósito, o valor das comissões pagas pelos cidadãos e empresas portuguesas representa «um verdadeiro "imposto" pago à Banca de 200 euros (40 contos) per capita em 2004». Outra causa tem a ver com «as alcavalas que pesam sobre o crédito ao consumo e às empresas, que fazem multiplicar o valor relativamente baixo das taxas de juro nominais de referência, para taxas efectivas quantas vezes acima dos 20%.»Benesses ilegítimasOs impostos pagos pela Banca, que, contrariamente ao que acontece com os lucros, decrescem desde 1998.
«A banca pagou em 2004 (em termos nominais) exactamente 50% do IRC sobre os lucros do exercício pago em 1998! (E não será em 2005 que este escândalo dentro do escândalo será corrigido!). A banca paga taxas efectivas de 12% e 13% apesar de o Presidente do BCP afirmar com desplante que ?a banca paga o mesmo que as restantes empresas?»Para o actual quadro, que faz de nós o país mais desigual da União Europeia, contribuem ainda os escandalosos valores dos dividendos distribuídos por algumas grandes empresas, antes públicas e agora total ou parcialmente privatizadas por sucessivos governos, como a EDP, a GALP, a PT, a Brisa, a Portucel, a CIMPOR e outras, não sendo igualmente alheias aos lucros, por último, as degradadas condições de trabalho, remunerações e estatutos laborais dos trabalhadores bancários
1 Bocas:
A riqueza de uns assenta sobre a miséria de outros, disse-me uma vez um senhor e nunca mais me saiu a frase da cabeça.
Enviar um comentário
<< Home