5/25/2006

SNS - Serviço Nacional de Saúde


Por razoes de apoio à família ontem passei algumas horas no serviço de neurocirurgia do Hospital de São José.
Na mesma situação encontrei uma senhora inglesa na casa dos sessenta. Veio de férias com o marido para o Algarve. Vivem em Londres, estão reformados e vieram jogar golf. Acontece que o inglês caiu porque perdeu o equilibro, foram ao hospital de Albufeira, chegou-se à conclusão que o senhor tinha um coagulo de sangue dentro da cabeça. Foi preciso trazer o homem de urgência para São José para fazerem uma cirurgia de drenagem. O marido da senhora inglesa entava na sala de operações enquanto nós conversávamos.
Num pais estrangeiro, sem falar a língua, e com o seu companheiro internado, claro que a inglesa estava muito abalada. Porque num passado remoto, passei por uma situação parecida, tentei dar todo o apoio possível à senhora. E o apoio possível nestes casos é falar, conversar e dizer que vai correr tudo bem.
A inglesa na sua preocupação foi-me explicando que tinham seguro de viagem e que ela, assim e soube que o marido iria ficar internado, ligou para a embaixada para que a aconselhassem qual a melhor clínica privada. Na embaixada disseram-lhe que aqui em Portugal, apesar do aparente caos nos hospitais públicos, em situações delicadas são sempre preferíveis aos hospitais privados. Segundo a embaixada inglesa em Lisboa, nos hospitais públicos em Portugal estão os melhores médicos e é onde está o melhor equipamento, por isso aconselharam a deixar ficar o doente em São José.
Na nossa conversa a inglesa contou-me que em Inglaterra o sistema de saúde é semi-privado e que os hospitais públicos são o pior sitio onde um doente pode cair.
Em 1998 vi numa praça periférica de Havana uma estátua do Eça de Queirós onde estava escrito ?escritor e anti-esclavagista?. Quando vi a estatua senti orgulho de ter nascido no mesmo país que o Eça. Ontem quando a Inglesa elogiou o serviço público de saúde gratuito e para todos senti o mesmo orgulho amargo de ter nascido aqui.
Vale a pena ser de esquerda para defender valores como o serviço nacional de Saúde e o Hospital de São José. Apesar de todo o caos e degradação, do freak show das urgências e das paredes a ameaçar ruína, apesar de todos os males a coisa vai funcionando. E para todos. Ao contrário do que em Inglaterra.
A cirurgia do cavaleiro inglês foi um sucesso na opinião do médico.

3 Bocas:

At 3:22 da tarde Blogger pinhacolada said...

Haja alguma coisa de jeito nesta terra!
Aqui em lado em Espanha, acontece que muitos ingleses consultam os hospitais porque é gratuito. Até se diz que alguns fazem por se aleijar em território espanhol, para desse modo serem lá tratados. Não sei se não haverá aqui exagero, mas de facto li uma reportagem sobre esta questão.Os camones vão para lá aos magotes, principalmente reformados com menos posses.
É o que dá privatizarem tudo.

 
At 1:15 da tarde Anonymous Anónimo said...

Caríssimo Sostrova:
Antes de tudo desejo, seriamente,que o cavalheiro Inglês esteja bem, percebo a preocupação da senhora e louvo-o pelo apoio que lhe deu. É um acto bonito que os portugueses pouco cultivam, infelizmente.
Mas já agora pequenas reflexões que o caso me provocou: 1.O Inglês é azarado..." caiu, porque perdeu o equilíbrio!" Curioso e que coincidência- as minhas quedas também são sempre antecididas por um desequilibrio. Este, pode ter várias origens: escorrego, tropeço, estou com os copos e depois, outras razões ligadas à saúde. Por exemplo esse cavalheiro Inglês teve azar noutro aspecto: " tinha um coágulo de sangue dentro da cabeça..." tà a ver? se tivesse o coágulo fora da cabeça, às tantas, não se tinha caído, não tinha vindo para o S.José e você hoje não estava tão orgulhoso do seu País como está! Coitado do Inglês, mas ainda bem para si.
Essa do "vale a pena ser de esquerda para defender valores como o SNSaúde e o Hospital S.José"...é que me deixou algo abismado! a)- Porque os Ingleses foram dos primeiros países a ter um excelente SNSaúde, era governado então por Conservadores. o tal Serviço pifou em alguns anos, como pifa, em todos os outros países, porque o que o ser público, não significa ser melhor, os patrões, o Estado, estão sempre ausentes. É como um restaurante: se o dono não acompanhar, as compras, o serviço e o fecho da caixa, é sempre roubado!
b) Os Hospitais públicos, como o S.José, são melhores não por serem públicos ou pelo SNS. Apenas porque são Hosp. Centrais e possuem uma variedade de valências que dão mais garantia num caso de derrame cerebral, ou acidente do genero, como um AVC, etc. Se for a um Hosp.Publico não central é a desgraça total. O do Algarve não é Público? Pq não foi para Faro? Pq esses são piores que a maioria dos Hospitais Privados. A CUF a CRUZ Vermelha, parte do Egas Moniz, o Particular e tantos outros são bem melhores, com bons médicos, melhor serviço e atendimento, bom serviço de enfermagem, que a maioria dos Públicos, exceptuando os Centrais. Mas onde o serviço e a qualidade do atendimento não é um "aparente caos" como diz, - é uma Caos Total na realudade. Se um dia eu tiver algo como o que descreveu, eu quero ir para um Publico, S.José, Sta Maria, por ex. Mas se for algo que não carencie de outras valencias claro que prefiro um Privado. E essa de ser de esquerda para defender certos valores...está ultrapassada pelos menos uns 30 anos. Por exemplo a arteroesclerose pode perfeitamente ser tratada num Hospital privado. E o SNS comparticipa.

 
At 3:04 da tarde Anonymous Anónimo said...

Caro Vjara:
Não há mistura nem problema. No Publico paga tudo, einclusivé o desperdicio, as horas que são pagas e durante as quais o medico e o enfermeiro estao a trabalhar fora, num consultorio particular.etc.
E o privado gante melhor gestão e amior controle. O público é o que sabemos. Não se baralhe, ou não tente baralhar os outros. Seja rigoroso. A GB avançou com o SNS por causa do papão de Leste? A Segurança Social dos EUA foi sempre incomparavelmente melhor que em qq momento, no Leste. De tal forma que era exagero. Alguns preferiam viver, desempregados, com os serviços sociais, do que ter trabalho. Que falta de informação - nessa altura/ anos 70 o Leste não era papão em nada. tentava mostrar que era. E nós acreditavamos. Por isso caiu pouco tempo depois. E na Saúde eram bons, nos hospitais psiquiátricos, para onde enviavam, os defensores da liberdade e discordantes do regime.

 

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