7/24/2006

O Zézinho perdeu o comboio


Ouvi comentários de pessoas mais esclarecidas e informadas do que eu, que me diziam que, com presença de Portugal na fase final do campeonato do mundo e a sua classificação de quarto lugar, deu ao país um protagonismo internacional muito acima das reais possibilidades da diplomacia portuguesa.

Talvez tenham razão.

Por mais competentes que sejam os cônsul e os adidos culturais, por mais boa vontade que possam ter os embaixadores e o pessoal externo, a projecção deste país onde vivemos terá sempre, mais que não seja o limite que é a sua dimensão e o seu proporcional orçamento.
Com a história do campeonato do mundo foi possível divulgar e projectar a imagem do país a um nível que doutra maneira não conseguíamos.

Usando o judo como metáfora, foi uma questão de aproveitar a oportunidade do campeonato de futebol e fazer o ipon aproveitando toda a força mediatica envolvida e pondo Portugal no mapa-mundo.
Diziam os mais bem intencionados que o governo (tal como todas as marcas de cerveja) apoiou e teve presente em todas as iniciativas do campeonato da bola para promover o país. Sempre apostando nesta lógica de sentido de timing e poupando os cobres à nação que vão sendo escassos.

Pois eu acho, que agora com a crise no médio oriente, o governo do engenheiro José Sócrates perdeu a oportunidade que esteva à espera para dar protagonismo e divulgar ainda mais a imagem de Portugal.

O governo PS, chefiado pelo engenheiro Sócrates, podia e devia ter aproveitado a conjuntura actual do médio oriente e a reacção titubeante da União Europeia para assumir o protagonismo que faria a diferença.
Portugal perdeu uma boa oportunidade para abrir a boca e mostrar ao mundo uma postura de país pequeno mas com carácter.

Quando a França e a Alemanha calaram e gaguejaram, Portugal devia ter falado.
Enquanto a Inglaterra que apoia tacticamente Israel ficou muda, o governo do engenheiro Sócrates, tinha o dever e a obrigação de abrir a boca e dizer de sua, nossa justiça.
A diplomacia portuguesa perdeu aqui uma oportunidade de brilhar deixando claro no parlamento europeu e na ONU a sua condenação à ofensiva sionista.

Ao assumir inequivocamente uma atitude de condenação a Israel, o governo de Portugal, ganhava em todos os sentidos.

Internacionalmente criava o protagonismo necessário e útil no contexto da discussão da consolidação europeia. Ainda internacionalmente, uma tomada de posição contra Israel permitiria uma aproximação táctica aos países islamizados com grandes recursos naturais e com mercados de consumo emergentes para a nossa economia tão fragilizada.

Internamente, se o governo do PS tomasse uma atitudes de condenação às agressões israelitas, estaria a percorrer o caminho ao encontro com a esquerda que elegeu o PS nas ultimas legislativas.

Lamentavelmente o engenheiro Sócrates mais uma vez desiludiu aqueles que ingenuamente nele votarm. Com a sua tipica postura de o-melhor-é-não-fazer-nada, o primeiro ministro acabou por mais uma vez nos prejudicar a todos.
Esta atitude do PS serviu exclusivamente para acabar com as ultimas duvidas daqueles que esperavam do engenheiro Sócrates uma politica diferente da politica do PSD.

Tambem em relação à política internacional, o PS não foi capaz de se emancipar da forma criada pelo PSD. Mais uma vez, tivemos o crónico servilismo aos Estados Unidos. Mais uma vez o governo Português pôs à frente dos interesses de Portugal os interesses da subserviência à Inglaterra e aos Estados Unidos. Tudo em nome de um tratado arcaico com a Inglaterra feudal que diz YES BOSS (nós-fazemos-o-que-nos-mandam-e-vocês-deixam-cair-aqui-as migalhas)

A grande diferença na política externa do PS e do PSD, está no protagonismo.
O Durão Barroso conseguiu ao apoiar os Estados Unidos, aparecer com o Bush na fotografia tirada nas lajes e arranjar um tacho na Europa.
O engenheiro Sócrates, o único protagonismo que consegue, e com muito esforço, é ser filmado a viajar no comboio do Cavaco.

Pobre de um povo gerido com tal mediocridade.

1 Bocas:

At 7:26 da manhã Anonymous Anónimo said...

sabes o que é que eu te digo, todos diferentes, todos iguais...é tudo a mesma coisa, PS, PSD, e afins, eu só nao percebo é que se está tudo na mesma, porque é que as pessoas ainda votam nestes gajos? porque é que não dão uma oportunidade aos outros? Nem que seja só para ver o que a coisa dá...mas o melhor mesmo é não fazer nada, não é? já agora, estive com o Pafã (será assim que se escreve?) e ele, alem de te mandar um abraço, diz que está contigo, (e eu também...) contra esta merda desta invasão Israelita... Um abraço... Mário.

 

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