4/04/2007

Sobre a popularidade do salazar

O Salazar ganhou na televisão porque o medo do papão foi mais forte.

Durante as décadas em que durou o estado novo, a ditadura assumiu um uma atitude profundamente anti-comunista. Com a instabilidade provocada pelo golpe de estado dos militares em Abril, e porque o PCP era o único partido politico com organização de bases em 74, Portugal este próximo de se tornar num estado socialista.

Em 1975, sete anos após a morte do Salazar, as armas dos socialistas, dos sociais democratas, dos democratas cristãos apontavam e disparavam contra o Partido Comunista. Mesmo da esquerda (ou talvez especialmente da esquerda) chegavam ataques violentos daqueles que se assumiam como maoistas ou trotskistas. Os partidos da direita e centro direita (CDS, PSD e PS) difundiram fortes campanhas de propaganda anti-comunista. A ditadura tinha acabado há menos de um ano e todos os ataques das forças ditas democráticas eram contra o PCP e contra o seu líder histórico Álvaro Cunhal.

Mesmo alguns daqueles que foram como o Álvaro Cunhal vitimas das injustiças do fascismo de Salazar, em 75, achavam que o perigo para Portugal era o PC e não a direita conservadora. Falo por exemplo do próprio Mário Soares que para combater “os vermelhos” se aliou à direita e impediu o julgamento dos pides...

Em relação ao PCP os mecanismos de propaganda do PSD do PS e do CDS difundiram mentiras massificando estas como verdades. Esta propaganda massiva depois de 48 anos de desinformação e censura contra tudo quanto fosse comunicação vinda ou sobre o mundo de leste, lavrou em Portugal de 75 como fogo num palheiro.

Foi nesta altura, que por exemplo, o povo do Minho, que durante as décadas da ditadura sobreviveu à fome com imigração, entre lameiros e igrejas sem saber ler nem escrever, pois foi em 75 que essas pessoas vitimas da manipulação do clero atacaram e queimaram as sedes do PCP e assassinaram mesmo alguns militantes.

Foi em 74,75 e 76 que nas Beira-baixa e no Algarve, o PS e o PSD mobilizavam os agricultores no sentido de impedirem o “avanço vermelho”. A “reforma agrária” que pretendeu reorganizar em unidades de produção modernas, áreas de latifúndio subaproveitadas e improdutivos, tomou vestes de demónio, e os pequenos agricultores das beiras e do Algarve (em 74 na sua maioria analfabetos) foram usados como arma de arremesso contra os comunistas. Hoje depois de 30 anos e dos milhões investidos pela comunidade europeia, chega-se à conclusão que se queremos ter agricultura temos de reformar toda a organização do espaço rural....

No inicio dos anos 70 os portugueses medianos, nunca tinham votado, não sabiam o que era um parlamento e não conheciam comunicação social sem censura. Como divertimento havia a taberna, as cartas, o futebol jogado na rádio e a prostituição. Fora de Lisboa, as mulheres não usavam calças nem fumavam. Os livros eram poucos e sempre dos mesmos autores. Os discos eram fado ou nacional cançonetismo.

Quando o 25 de Abril traz a liberdade, as pessoas embriagaram-se de consumo. Queriam coca-cola (que até 74 era proibida) e filmes eróticos. Em 74 o português médio, a que vamos chamar de Manel ambicionava ter um mini azul escuro, uma amante loura e um frigorífico cheio de cerveja. Quando o Manel se vê confrontado com todas aquelas máquinas de propaganda politica fica completamente confundido.

Em todo os lado aparecem os “democratas” a falarem em sonhos de Europa e a atacarem os comunistas. Dizem que os comunistas vão matar os velhos e meter as crianças todas em orfanatos. Que os comunistas roubam as terras. O Manel tem uns pinhais na aldeia. O Manel já sabe o que é a Europa porque tem um primo emigrado em França... Dos comunistas não quer nem ouvir falar. Quando pensa nos comunas vê imagem dos barbudos de cuba e dos maus dos filmes americanos... O Manel não tem dificuldade em escolher.

Mais tarde.

Os partidos democratas estão no poder há trinta anos.

O Manel, teve o seu mini, a sua amante loura e problemas no fígado. De França já voltou o primo e construiu uma vivenda forrada de azulejos que é a maior da aldeia. O Manel continua a não saber nada de politica. Nem lhe interessa, com uma liga tão animada como a nossa quem é que vai ligar a politica...

Na televisão perguntam ao Manel quem é que ele prefere, o Salazar ou o Álvaro Cunhal.

O Manel sabe quem foi o Salazar, lembra-se de aprender na escola.... Do Álvaro Cunhal o Manel também se lembra... É o comunista. Aquele que queria matar os velhos e meter os putos todos no orfanato. Aquele que lhe queria tirar os pinhais (entretanto vendidos e convertidos num na entrada para o Ford Fiesta)... Entre o velhote da escola primária e o comunista o Manel não tem duvidas. O Manel escolheu o Ford Fiesta.

4 Bocas:

At 2:13 da tarde Anonymous Anónimo said...

sabes o que é que eu acho, que foi o concurso mais pateta de sempre e só votou que tinha dinheirinho pra gastar em chamadas insólitas!

bhaa....

 
At 3:26 da tarde Blogger Helder Miguel Menor said...

Pois é Granelinha, o concurso era idiota... o que que é verdade é que o salazar ganhou em popularidade entre os idiotas

 
At 3:30 da tarde Anonymous Anónimo said...

Zé Maria, Marco, Mário Tás a ber, Salazar,Lili, Cinha,etc: é só TELELIXO!

 
At 2:08 da manhã Anonymous Nuno said...

Viva Salazar 2019

 

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