5/11/2007

GREVE dia 30 de Maio - memórias de outras greves


1943, O ANO DAS GREVES


6 de Janeiro - Salazar recebe, em reuniões sucessivas, diversas autoridades militares, com o objectivo de estudar um plano geral a aplicar na eventualidade da entrada de Portugal no conflito mundial.

14 de Fevereiro - O Comité Central do PCP, faz circular um Manifesto à Nação, no qual propõe um programa imediato de acção para servir de base a todas as forças da oposição ao regime, sendo a sua primeira finalidade derrubar o Governo de Salazar e instaurar um Governo Democrático.

2 de Março - Oliveira Salazar reúne-se com os deputados da União Nacional em sessão secreta e declara que os pilares da política externa portuguesa são a Inglaterra, a Espanha de Fanco.

29 de Maio - Como represália pela tentativa de fuga de alguns presos, o director da Colónia Penal do Tarrafal ordena a apreensão da biblioteca dos presos políticos.

23 de Junho - Greves de trabalhadores rurais, em particular no Ribatejo, contra as disposições de um diploma publicado em 15 de Junho, regulando as condições de trabalho e sua remuneração, e de protesto contra a falta de géneros essenciais e o aumento dos preços.

21 de Julho - Face à gravidade da situação, no que se refere aos abastecimentos, o PCP divulga um manifesto apelando à greve.

26 de Julho - Início de um movimento grevista em Lisboa, Almada, Barreiro, Seixal, Amora e outros pontos do país, que conta com a organização do PCP e envolve vários milhares de trabalhadores. O Governo organiza uma mobilização industrial e ameaça despedir os grevistas que não retomem o trabalho. Na sequência de confrontos com as forças policiais, são efectuadas diversas prisões e algumas fábricas são encerradas. Na Margem Sul do Tejo, numa casa clandestina estrategicamente localizada em Coina, o jovem “Duarte”(Álvaro Cunhal) organiza o movimento do trabalhadores.

4 de Agosto - Ao fim de uma semana de conflito, o PCP sugere que os trabalhadores em greve retomem o trabalho, procurando alcançar o máximo de reivindicações.

5 de Agosto - Os trabalhadores da indústria de calçado, em São João da Madeira, iniciam uma greve que não obterá completo sucesso devido à não adesão dos chapeleiros. Em Lisboa, outra greve, dos trabalhadores gráficos, ocorre com atraso e será mal sucedida, não obtendo o apoio dos tipógrafos dos jornais.

29 de Novembro - Realização do III Congresso do PCP, o primeiro ilegal, a partir do qual é iniciada a crítica da chamada "política de transição". Álvaro Cunhal, José Gregório e Manuel Guedes formam o Secretariado do Comité Central. O Congresso aprova uma proposta para criação de uma frente comum contra o regime, agrupando todas as forças democráticas.

Dezembro - Fundação do Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista (MUNAF), organização clandestina que representa o primeiro grande movimento unitário antifascista dos anos 40 e que congrega personalidades de diferentes filiações partidárias (socialistas, republicanos, comunistas, católicos, liberais, monárquicos e seareiros) e alguns independentes. O general Norton de Matos preside ao Conselho Nacional e fica a fazer parte da Comissão Política, juntamente com Barbosa de Magalhães e Bento de Jesus Caraça. Estabelece-se também uma Comissão Executiva que conta, entre os seus membros, com Fernando Piteira Santos, José Magalhães Godinho, Jacinto Simões, Alberto Rocha, Manuel Duarte e Moreira de Campos.

Os anos de “descanso” do estado novo tinham acabado.