8/13/2007

Os mineiros do Utah e a guerra do Iraque

Cinco dias depois do acidente, as equipas de busca conseguiram finalmente chegar perto dos seis mineiros encurralados.

Lamentavelmente para os mineiros e suas famílias, não foram encontrados sinais de vida na mina de carvão.
O drama acontece no estado de Utah, nos Estados Unidos da América.
Como é que um país tem dinheiro para mandar homens e máquinas para uma guerra no outro lado do mundo, não tem meios para ir buscar os seus próprios trabalhadores ao fundo de uma mina?

Miguel Torga

Adolfo Correia da Rocha, que ficará conhecido por Miguel Torga, nasceu em 12 de Agosto de 1907, em S. Martinho da Anta, concelho de Sabrosa, Trás-os-Montes.
Filho de gente do campo, não mais se desliga das origens, da família, do meio rural e da natureza que o circunda. Mesmo quando não referidos, estão sempre presentes o Pai, a Mãe, o professor primário Sr. Botelho, as fragas, as serranias, a magreza da terra, o suor para dela arrancar o pão, os próprios monumentos megalíticos em que a região é pródiga.
Ainda menino, emigra para o Brasil em 1920. Trabalha na fazenda do tio, é a dureza da "capinagem" do café. O tio apercebe-se das suas qualidades. Paga-lhe ingresso e estudos no liceu de Leopoldina, onde os professores notam as suas capacidades.
Regressa a Portugal em 1925. Entra da Faculdade de Medicina de Coimbra. Participa moderadamente na boémia coimbrã. Ainda estudante publica os seus primeiros livros. Com ajuda financeira do tio brasileiro conclui a formatura em 1933. Até 1995, data da sua morte, nunca deixou de escrever e publicar.
Amigo pessoal de alguns ilustres socialistas, Torga foi um firme opositor ao salazarismo, dentro dos círculos de intelectuais não-comunistas. Mais tarde, já em democracia, enquanto cidadão, sempre militou na àrea de uma esquerda moderada.
Miguel Torga, é hoje, mais de uma decada passada sobre a sua morte, um marco de uma portugalidade vertical e inabalável nos seus valores. Torga tirou todo o caracter prejorativo à palavra provinciano. Num país tristemente pimba e perigosamente inclinado para o litoral a obra de Torga remete para um interior, rico em gentes e valores.
Se os socialistas que estão hoje no governo, fossem só um bocadinho inteligentes, (bastava só um bocadinho) faziam deste centenário de Torga uma bandeira para celebração de cultura. Bem a propósito, podiam criar e promover algum desenvolvimento cultural nesse interior que Torga cantou.

Lamentávelmente este centenário do Miguel Torga, ficará lembrado pelo dia em que o executivo socialista se esqueceu de estar presente na celebração da obra e do génio do poeta.

Com a ausência da Ministra Isabel Pires de Lima este governo eleito eventualmente por homens e mulheres socialistas, virou mais uma vez a cara para o lado e foi para a praia deixando a cultura de um povo restrita às farturas das festas dos emigrantes e das romarias a fátima.
Serviu para esclarecer os que ainda podiam estar distraídos ou iludidos e pensavam que este PS é de esquerda.
Que tristes são estes homens que esquecem os seus poetas.

8/08/2007

Que democracia racial???


Numa entrevista à comunicação social, Angela Davis, professora catedrática de filosofia, ex-presa politica, ex-guerrilheira dos Panteras Negras, fala da democracia racial dos EUA:

“Vivemos hoje o pior momento de que há memória nas condições de vida das minorias étnicas nos EUA. O impacto do capitalismo internacional e a desindustrialização da economia norte-americana afectam sobretudo os pobres. As grandes empresas estão a sair do nosso país, mudando-se para o Terceiro Mundo em busca de mão-de-obra barata. Esse processo destrói postos de trabalho e deixa as pessoas, especialmente os negros e os hispânicos, vulneráveis ao tráfico de drogas e à prostituição - que funcionam como uma economia alternativa, que leva as pessoas directamente para as prisões. No caso dos negros, existe um milhão mulheres e homens negros na prisão. Um terço dos jovens negros está na prisão ou então sob o controle do sistema penal norte-americano.”

8/01/2007

Ambientalismo plastificado


Quando no final dos anos 80, um certo social democrata chamado Carlos Pimenta, decidiu montar o cavalo da ecologia, subiu na montada certa. Nesse cavalo, ainda novo na politica nacional, consegui saltar a barreira do regionalismo. Saltou tão alto que, mesmo sendo de Setúbal se conseguiu posicionar num lugar visível ao olhar do norte onde vivem os celebres barões do PSD. O Carlos Pimenta saltou tão longe no seu trampolim do ambiente que ainda hoje anda perdido nessas comissões europeias, entre Estrasburgo e Bruxelas, a desculpar-se das pescas nacionais e a calar as razões dos laticinios nos Açores.


Para o bloco central a lição ficou aprendida. Socialistas e sociais democratas, passaram a ver no ambiente e na defesa ecológica, um meio de ascensão politica. O paradigma Carlos Pimenta fez escola e muitos dos políticos de hoje fazem fila no trampolim do ambiente para também eles tentarem o salto.

Entre estes políticos estão as sumidades de cor indefinida que variam entre o laranja e o rosa e escolhem temporariamente vestir a camisa verde. Não é preciso procurar muitos exemplos, basta olhar o percurso do próprio primeiro ministro: o quase-engenheiro José Sócrates, que fez carreira num ministério onde as iceneradores de resíduos tóxicos serviram de cavalo de batalha...

O marketing politico, percebeu que o tema ambiente é suficientemente apelativo para lavar as imagens dos partidos comprometidos com o desgaste dos seus fracos desempenhos governativos. Assim, aprovam-se orçamentos principescos na produção de campanhas publicitárias sobre temas ambientais, as pessoas gostam de ver falar em ecologia e o governo dá uma ideia generalizada de que se preocupa... Acima de tudo o marketing ambiental vale votos. Mesmo que seja uma ecologia de plástico que defende arranjos de bricolage e não proceda a modificações efectivas nas praticas. As mudanças estroturais para estes ambientalistas de plástico são o menos importante.

Enquanto os senhores ministros e secretários de estado do ambiente lançam campanhas milionárias sobre a reciclagem das tampinhas das garrafas ou a protecção das praias, por exemplo, os seus correlegionários que vivem e mandam nos ministérios e nas autarquias, continuam a aprovar projectos de construção na orla marítima, facilitam a implementação de industrias poluentes, fecham os olhos às descargas poluentes nos rios e ribeiras e fazem tudo para perdoar as multas às grandes empresas do betão que afinal até lhes financiam as campanhas. Tudo isto acontece ao mesmo tempo que, a polícia marítima é convidada a dedicar-se a multar os pescadores que ao fim de semana vão "dar-banho-à-minhoca". Afinal de contas é mais fácil multar um pescador amador do fazer pagara ao dono de um dos super-petroleiros que ao largo da nossa costa lavam os tanques porque fica mais barato tentar escapar ou mesmo pagar a multa em Portugal do que limpar o porão nos portos do norte da Europa.

São estas politicas da pratica ecológica inconsequente, ideologicamente neo-liberais, que se tornaram responsáveis pela maior parte dos crimes ambientais de que os portugueses de hoje e amanham são vitimas. Entre estes crimes, está por exemplo o desleixo no desordenamento da florestal e os consequentes fogos que sazonalmente queimam as árvores e dão a ganhar milhares de euros aos vampiros da floresta que devia de ser de todos.


Para alem das responsabilidades individuais de conivência ou incompetência dos ministros do ambiente, que por inercia ou desleixo permitiram verdadeiros atentados de terrorismo ambiental (despejos de suiniculturas nos rios, caça ilegal nos parques naturais, esgotos a correr nas praias), para alem destas responsabilidades individuas, o PS e PSD, em Portugal têm ainda de gerir as suas responsabilidades ideológicas.


O neo-liberalismo enquanto nova roupagem do velho capitalismo, defende e preconiza modelos de desenvolvimento baseados no crescimento das empresas gerando lucros através do aumento do consumo e produção. Foi este modelo de desenvolvimento que causou a situação desesperada ao nível ambiental que vivemos neste inicio do século XXI. É este o modelo de desenvolvimento defendido pelo PS e PSD.


Foram os modelos de desenvolvimento económico baseados na iniciativa privada e na obtenção do lucro através do consumo individual, com consequências nas massificações de consumos e produções de produtos e energias não renováveis, que nos levaram ao descalabro em que hoje vivemos.

A causa dos problemas de desequilíbrio ambiental tem haver com o modelo de produção do capitalismo industrial, focado em servir os interesses da ínfima minoria dos accionistas; ao invés de servir os interesses da comunidade onde está inserida.

Não é possível defender o ambiente e o equilíbrio ecológico de uma forma consequente sem defender uma economia planificada.

É preciso desenvolver um trabalho sério na protecção do ambiente defendendo os ecossistemas e procurando o consenso entre o necessário ao homem e o imprescindível para a natureza preservando o património natural que é dever de todos nós transmitir para as gerações futuras. Por mais campanhas que o PS e o PSD possam fazer em nome do ambiente, não vão conseguir apagar esta realidade: a batalha do equilíbrio oriental, só ficará resolvida com uma mudança seria na organização económica e produtiva

Ser revolucionário hoje, é obrigatóriamente ser, simultaneamente humanistas e ecologista.


É urgente construir um mundo novo: porque a humanidade merece melhor e o planeta precisa.