Quando no final dos anos 80, um certo social democrata chamado Carlos Pimenta, decidiu montar o cavalo da ecologia, subiu na montada certa. Nesse cavalo, ainda novo na politica nacional, consegui saltar a barreira do regionalismo. Saltou tão alto que, mesmo sendo de Setúbal se conseguiu posicionar num lugar visível ao olhar do norte onde vivem os celebres barões do PSD. O Carlos Pimenta saltou tão longe no seu trampolim do ambiente que ainda hoje anda perdido nessas comissões europeias, entre Estrasburgo e Bruxelas, a desculpar-se das pescas nacionais e a calar as razões dos laticinios nos Açores.
Para o bloco central a lição ficou aprendida. Socialistas e sociais democratas, passaram a ver no ambiente e na defesa ecológica, um meio de ascensão politica. O paradigma Carlos Pimenta fez escola e muitos dos políticos de hoje fazem fila no trampolim do ambiente para também eles tentarem o salto.
Entre estes políticos estão as sumidades de cor indefinida que variam entre o laranja e o rosa e escolhem temporariamente vestir a camisa verde. Não é preciso procurar muitos exemplos, basta olhar o percurso do próprio primeiro ministro: o quase-engenheiro José Sócrates, que fez carreira num ministério onde as iceneradores de resíduos tóxicos serviram de cavalo de batalha...
O marketing politico, percebeu que o tema ambiente é suficientemente apelativo para lavar as imagens dos partidos comprometidos com o desgaste dos seus fracos desempenhos governativos. Assim, aprovam-se orçamentos principescos na produção de campanhas publicitárias sobre temas ambientais, as pessoas gostam de ver falar em ecologia e o governo dá uma ideia generalizada de que se preocupa... Acima de tudo o marketing ambiental vale votos. Mesmo que seja uma ecologia de plástico que defende arranjos de bricolage e não proceda a modificações efectivas nas praticas. As mudanças estroturais para estes ambientalistas de plástico são o menos importante.
Enquanto os senhores ministros e secretários de estado do ambiente lançam campanhas milionárias sobre a reciclagem das tampinhas das garrafas ou a protecção das praias, por exemplo, os seus correlegionários que vivem e mandam nos ministérios e nas autarquias, continuam a aprovar projectos de construção na orla marítima, facilitam a implementação de industrias poluentes, fecham os olhos às descargas poluentes nos rios e ribeiras e fazem tudo para perdoar as multas às grandes empresas do betão que afinal até lhes financiam as campanhas. Tudo isto acontece ao mesmo tempo que, a polícia marítima é convidada a dedicar-se a multar os pescadores que ao fim de semana vão "dar-banho-à-minhoca". Afinal de contas é mais fácil multar um pescador amador do fazer pagara ao dono de um dos super-petroleiros que ao largo da nossa costa lavam os tanques porque fica mais barato tentar escapar ou mesmo pagar a multa em Portugal do que limpar o porão nos portos do norte da Europa.
São estas politicas da pratica ecológica inconsequente, ideologicamente neo-liberais, que se tornaram responsáveis pela maior parte dos crimes ambientais de que os portugueses de hoje e amanham são vitimas. Entre estes crimes, está por exemplo o desleixo no desordenamento da florestal e os consequentes fogos que sazonalmente queimam as árvores e dão a ganhar milhares de euros aos vampiros da floresta que devia de ser de todos.
Para alem das responsabilidades individuais de conivência ou incompetência dos ministros do ambiente, que por inercia ou desleixo permitiram verdadeiros atentados de terrorismo ambiental (despejos de suiniculturas nos rios, caça ilegal nos parques naturais, esgotos a correr nas praias), para alem destas responsabilidades individuas, o PS e PSD, em Portugal têm ainda de gerir as suas responsabilidades ideológicas.
O neo-liberalismo enquanto nova roupagem do velho capitalismo, defende e preconiza modelos de desenvolvimento baseados no crescimento das empresas gerando lucros através do aumento do consumo e produção. Foi este modelo de desenvolvimento que causou a situação desesperada ao nível ambiental que vivemos neste inicio do século XXI. É este o modelo de desenvolvimento defendido pelo PS e PSD.
Foram os modelos de desenvolvimento económico baseados na iniciativa privada e na obtenção do lucro através do consumo individual, com consequências nas massificações de consumos e produções de produtos e energias não renováveis, que nos levaram ao descalabro em que hoje vivemos.
A causa dos problemas de desequilíbrio ambiental tem haver com o modelo de produção do capitalismo industrial, focado em servir os interesses da ínfima minoria dos accionistas; ao invés de servir os interesses da comunidade onde está inserida.
Não é possível defender o ambiente e o equilíbrio ecológico de uma forma consequente sem defender uma economia planificada.
É preciso desenvolver um trabalho sério na protecção do ambiente defendendo os ecossistemas e procurando o consenso entre o necessário ao homem e o imprescindível para a natureza preservando o património natural que é dever de todos nós transmitir para as gerações futuras. Por mais campanhas que o PS e o PSD possam fazer em nome do ambiente, não vão conseguir apagar esta realidade: a batalha do equilíbrio oriental, só ficará resolvida com uma mudança seria na organização económica e produtiva
Ser revolucionário hoje, é obrigatóriamente ser, simultaneamente humanistas e ecologista.
É urgente construir um mundo novo: porque a humanidade merece melhor e o planeta precisa.