O futebol e a bola.

Como todos sabem não percebo nada de futebol nem de bola, e portanto o que vou dizer vale o que vale.
Serve ainda este post como resposta à questão do Zé da Penalva, mas estava a ficar tão grande que decidi passar para aqui.

Dito isto passo a explicar o que entendo por bola e por futebol.
O que hoje se designa por futebol não é um jogo. São, na realidade, dois.
Um é o jogo da bola que os putos jogam na rua e que consiste em chutar uma bola fazendo com que entre mais vezes na baliza do adversário do que na da própria equipa. Este desporto tem regras definidas: joga-se num rectângulo de onde não pode sair a bola, não se pode rasteirar os adversários, só se pode trocar dois jogadores num jogo, e ganha quem marcar mais golos, para garantir isto é vigiado por um tipo vestido de preto que vela pelo bom cumprinto das regras .

Depois temos um outro jogo, que se crê inventado pelos ingleses, que trataram de organizar os jogos da bola em ligas. E esta nuance é importante, porque um conjunto de jogos de bola sempre chamou campeonato, ligas é aquilo que as matronas usam para guardar a faca.

A faca no futebol, ao contrário do que acontece no jogo da bola em que é proíbida, é um item fundamental.
O futebol é um jogo de salão, ao estilo do poker, em que uns cowbois aventureiros e bafientos fazem bluff para possuir o "passe" dos jogadores mais cotados. Imagino que o façam em salões ao estilo do oeste, de chapéu na cabeça, charuto ao canto da boca e a faca na liga, para apunhalar os parceiros que deixaram de ser convenientes.

O "passe" está para o futebol como as acções para a bolsa ou como os cartões das ruas do monopólio. Só que não estamos a falar de coisas, estamos a falar de pessoas. Quem tem o "passe" tem o jogador de bola e decide o que fazer com ele. E normalmente quem tem o passe não se interessa nem pelas pessoas nem pelo desporto. Normalmente preferem iates e carros de alta gama.

Mais ou menos como imagino que aconteça nos gangs que dominam a protistituição e o trabalho ilegal e de escravidão. A ideia é usar tantas vezes quantas possiveis o "passe" antes que o jogador em causa passe da validade ou sofra um desaire, num xadrez imoral em que os peões, afinal, são pessoas.

Depois, como a face visivel deste jogo de salão é o jogo da bola, há que moldar os acontecimentos no campo à conveniência do que se passa no prostibulo. E a peça chave para isso é várias vezes o senhor de preto que vigia as equipas e que, no futebol, vela pelo interesse do vencedor do jogo de salão da véspera e pelos donos dos passes que têm mais "pontos". Quando o senhor de preto não tem capacidade ou poder para isso, usa-se o que estiver à mão: politicos, empresas, jornais, Tv's e os próprios donos das "ligas" que gerem os salões bafientos em que o futebol é jogado.

O jogo da bola tem piada e é interessante. É um desporto exigente em inteligencia, destreza e socialização.
O futebol é um jogo individualista, sujo, sem regras, que assenta num sistema mafioso e esclavagista, em que o único valor é o dinheiro e os trunfos em jogo as vidas de terceiros.

E estou à espera do dia em que se volte a jogar à bola, para que possa ver futebol sem sentir nojo deste teatro cruel em que vinte e dois escravos pontapeiam alegremente uma bola sob o chicote dourado dos carrascos e barões que se passeiam inchados na praça publica com os seus "passes" e muitos cartões de crédito dourados no bolso.