3/16/2007

Liberdade 4 - Fascismo 0

Eu nem sou de ligar a futebol.

Curiosamente, esta é a segunda posta que dedico a atletas da modalidade em menos de duas semanas.

Cá vai.

Ontem à noite, por entre vinho tinto e histórias velhas, o meu amigo e camarada Picos contou-me a historia de um jogador do Belenenses, o Amaro, que teria afrontado o Salazar e teria sido preso pela PIDE depois de um jogo com Espanha nos anos 30.

Hoje falei com o meu avô que tem uma idade veneravel e sendo adepto do Belenenses e anti-fascista se lembra bem da história.

Com o Picos, o meu avô e uma pequena investigação ficam aqui os factos:


A 30 de Janeiro de 1938, a selecção portuguesa de futebol joga com uma Espanha ainda em guerra civil, o jogo que não foi reconhecido pelas instâncias internacionais do futebol, foi organizado pelo regime franquista e pela propaganda salazarenta.

Por essa altura, tinha-se tornado obrigatória a saudação fascista (naquele tempo «olímpica») no alinhamento inicial.

E foi então que três jogadores do Belenenses faltaram à regra: Quaresma ficou em sentido, não erguendo sequer o braço; Simões e Amaro ergueram os punhos cerrados na a saudação comunista. Juntou-se ainda o guarda-redes Azevedo, do Sporting, que encolheu ligeiramente os dedos, curiosamente, muitos anos mais tarde, Azevedo viria a confessar que era também adepto do Belenenses… para além de vir do Barreirense, como Quaresma.

A seguir ao jogo todos eles foram detidos pela polícia política (a PVDE) para interrogatório.
Como contou Quaresma uns anos mais tarde (Record, Janeiro de 2004): «Fomos à Pide e eles ficaram. Eu, deixando o braço em baixo, disse que me esquecera de o levantar. Nunca fui político, mas embirrava com aquelas coisas do fascismo. O Barreiro era foco de comunistas opositores ao regime e eu era amigo de muitos. Mas fiz aquilo sem premeditação, foi um acto natural.»
Amaro e Simões acabaram também por ser libertados, embora fossem mais “activos” na sua contestação. Mas eram jovens, já famosos, e os bons ofícios de gente ligada ao Clube ajudaram a resolver o caso.

Fica ainda o rocambolesco da revista Stadium, que publicou uma fotografia «retocada» do alinhamento, com uns toscos dedos esticados acrescentados às mãos dos jogadores!


Para que não se esqueça!!!

3/13/2007

Mais um café

Irritava-me muito não ter bons sítios no Barreiro para beber café, ao final do dia, ao pequeno almoço ou quando me desse na real gana de sair de casa e encontrar amigos, colocar a conversa em dia. Agora tenho três: Pial, Louie Louie e Choco Love. Este último, que tem um nome que não gosto mas que também não me chateia, descobri-o hoje num relâmpago de procura de qualidade de vida num final de tarde. Recomendo. Principalmente àqueles que fartos de trabalhar vão até lã mergulhar numa dose saudável de coisas doces cheias de colesterol! Fica junto ao Café du Rio e do Alentejos na Rua Miguel Pais.

3/08/2007

Ainda sobre o dia da mulher


A fotografia é do Agusto Cabrita e mostra o lavadouro municipal.
Ficava em frente à sede do fabril onde hoje é um ginásio comercial.
A minha avó conta quado, tres vezes por semana ia a pé pela mão da mãe lavar a roupa ao Lavadouro. Vinham da Paiva.

A próposito do dia da Mulher

Cerca de 2 mil mulheres da Via Campesina ocuparam na madrugada desta quarta-feira o hortoflorestal da Aracruz Celulose, em Barra do Ribeiro no Rio Grande do Sul.

A mobilização tem o objetivo de denunciar as conseqüências sociais e ambientais do avanço da invasão do deserto verde criado pelo monocultivo de eucaliptos.

A Fazenda Barba Negra concentra a principal unidade de produção de mudas de eucalipto. A Aracruz, tem inclusive um laboratório de clonagem.
"Somos contra os desertos verdes, as enormes plantações de eucalipto, acácia e pinus para celulose, que cobrem milhares de hectares no Brasil e na América Latina. Onde o deserto verde avança a biodiversidade é destruída, os solos deterioram, os rios secam, sem contar a enorme poluição gerada pelas fábricas de celulose que contaminam o ar, as águas e ameaçam a saúde humana", afirmam as mulheres em manifesto da Via Campesina.

A Aracruz Celulose é a empresa que possui o maior deserto verde no País. São mais de 250 mil hectares plantados em terras próprias, 50 mil só no Rio Grande do Sul. As fábricas da Aracruz produzem 2,4 milhões de toneladas de celulose branqueada por ano, contaminando o ar e a água.

As mulheres da Via Campesina também protestam em solidariedade com os povos indígenas que viram suas terras invadidas pela Aracruz Celulose no Estado do Espírito Santo.
Em janeiro deste ano, as famílias indígenas foram expulsas violentamente pela Polícia Federal, que utilizou máquinas da própria empresa para fazer o despejo.

Convem dizer que a Aracruz é a empresa de agronegócio que mais recebeu dinheiro público. São quase R$ 2 bilhões recebidos nos últimos 3 anos. No entanto, uma empresa como a Aracruz gera apenas um emprego a cada 185 hectares plantados, enquanto a pequena propriedade gera um emprego por hectare.

"Se o deserto verde continuar crescendo em breve vai faltar água para bebermos e terra para produzir alimentos. Não conseguimos entender como um governo que quer acabar com a fome patrocina o deserto verde ao invés de investir na Reforma Agrária e na Agricultura Camponesa", afirma o manifesto.

Estamos solidários com as mulheres camponesas no Brasil e com todas as trabalhadoras do mundo, que sofrem com as várias formas de violência impostas por uma sociedade capitalista e patriarcal. Estamos solidários no 8 de Março e nos outros dias tambem.

3/07/2007

Ficou o tejo mais pobre

Desde a infância que lhe conhecia nome.
Aqui há uns anos, um amigo comum, também do Barreiro e também atleta apresentou-me ao guarda-redes.

Fomos-nos cruzando, e apesar da nossa diferença de idades (o Bento tinha mais 24 anos que eu) sempre me tratou com o companheirismo e a familiaridade própria dos camarros.

Nos ultimo ano e meio estivemos juntos muitas vezes.
Quase diariamente.

Sempre que há sol, pego na bicicleta e ao final da tarde dou um volta ao Barreiro. Sempre junto ao rio.
O Bar do Bento é paragem obrigatória.
Nessa hora morta, em que os clientes não abundam, costumo parar a bicicleta na esplanada e ao balcão era habito partilhar umas imperiais e uns tremoços com o guarda-redes.

E conversávamos.
De cães, de historia local, de viagens, de desporto olimpico, de culinária, de peixe e sobretudo do rio.
Falávamos do Tejo. Desse rio quase mar que o Bento conhecia como poucos conhecem.
De futebol nunca falamos. Primeiro, porque eu sou um completo ignorante e segundo; imagino eu, porque o dono da esplanada estivesse farto de conversas de bola.

A ultima vez que falámos, aqui há umas semanas mas já este ano, o tema foi a recorrente caldeirada à fragateiro.
Disse-me que não lhe parecia mal o choco na caldeira, como fazem em Setúbal... A mim tal heresia arrepiou-me. Falou-me que até punha lambejinhas no fundo do tacho para não pegar...
Combinamos uma caldeirada lá no café para finais de Abril, inícios de Maio.


Na semana passada, à três da tarde, pela rádio desmarcaram-me a caldeirada.
Comecei a ouvir a noticia a meio. Na TSF falaram do desportista, do Benfica, do palmarés, dos jogos, das redes e mais o caraças. Só no fim da noticia é que percebi que estavam a falar do Bento.
Morreu ontem ao inicio da tarde aqui no hospital que se chama Senhora do Rosário. A Senhora do Rosário é uma espécie de Iemanjá da Margem Sul do Tejo. Santa padroeira dos marítimos, peixeiros, pescadores, fragateiros, guarda-redes e ciclistas em pausa para uma imperial.

Uma coisa é garantido: lá no paraíso para onde vão os homens bons, no próximo mês de Maio, que é quando o choco desova no Tejo, vai haver petisco e conversa animada. Tenho a certeza que aqueles que tiverem o ouvido mais apurado vão conseguir ouvir os copos vazios a bater no balcão e aquela gargalhada sonora do Bento. Fiquem atentos ao final da tarde nas prainhas sujas das margens sul do Tejo.


A triste comédia

Quando vejo o Dr. Francisco Anacleto Louçã a falar na televisão, vem-me imediatamente à memória o numero dos ventrículos.
Neste caso o ventrículo é o Eng. José Sócrates. Imagino-lhe o braço enfiado nas entranhas do boneco, a abrir-lhe e a fechar-lhe a boca. O boneco a dizer disparates que contradizem o que o dono do boneco diz. Não são coisas com muita piada mas entretém a plateia.


O ventrículo, o Sr. Sócrates, diz:
-- Vamos fazer uma aeroporto muito bonito, na Ota.
O boneco, que é o Sr. Anacleto responde com a voz nasalada a sair-lhe pelo canto da boca:
-- Não é nada bonito. O aeroporto da Ota é feio. É muito feio. Não presta, é mau.
O Sr. Sócrates diz:
-- Ó Anacleto, não digas asneiras, estão aqui estes senhores e senhoras, e meninos e meninas e todos querem um aeroporto, verdade?

E os miúdos mais tolinhos gritam em coro:
-- Queremos!!!

O numero prossegue neste ritmo.
Ás vezes, quando os comediantes são medíocres, acontece ventrículo enganar-se e dizer frases em falso... quer dizer, frases que lhe saem pela boca do boneco mas com a sua voz verdadeira.
Na politica local é frequente.
Na politica local, em particular nas autarquias da margem sul, às vezes acontece que boneco fala com a voz do ventrículo. Às vezes, quando não há televisões à volta, o Anacleto, abre a boca para falar e saí-lhe a voz igualzinha ao do Sr. Sócrates.

Nessas ocasiões o Bloco e o PS são o mesmo partido cor-de-rosinha que entretém a plateia com números já gastos
Às vezes acontece.

Quando dão muito nas vistas, ensaiam melhor e à noite no telejornal a coisa já sai mais natural.
Diz o Sr. Sócrates:
-- Vamos fechar os hospitais que estão às moscas.
Diz o boneco Anacleto:
-- Não fechas nada porque fazem muita falta em Agosto!!!

A plateia ri da piada..
E a comédia segue.
Talvez até fosse engraçado se o cenário não fosse a miséria deste país, do seu povo e dos seus governantes.
Todos sabemos bem como acaba o numero do ventrículo.

Não faltará muito para ouvir o boneco Anacleto dizer:
-- Sócrates, posso pedir-te uma coisa????
-- Vá Anacleto, diz lá o que queres?
-- Dá-me um beijiiiiiiiiiiiinho!!!!!

Apelo ao PS

É uma pena que o PS no Barreiro não esteja articulado.
O Partido Socialista, que tem pessoas inteligentes e válidas, está com a casa por arrumar há já demasiado tempo.
Andam cada um para seu lado, a dar tiros nos proprios pés, a atacarem-se entre si... quando o dever democrático do partido socialista é serem oposição. Oposição consciente e consistente.
Uma oposição válida do PS faz falta ao Barreiro.
O PS faz falta ao Barreiro e aos comunistas que devem ser estimulados a fazerem mais e melhor.

3/01/2007

MÊS DO TEATRO


MARÇO - MÊS DO TEATRO




Espectáculos no Auditório Augusto Cabrita

Dia 2, Sexta–Feira, 21:30h – “Isto só visto” (Revista à Portuguesa com o “Menino Tonecas”, 10€ e 7,5€)

Dia 4, Domingo, às 11 e às 15h – “Olá Quá Quá” (Teatro de Fantoches, p/ M/ 18 meses e até aos 3 anos, 5€ e 3€)

Dia 10, Sábado, às 21:30h – “Por detrás dos montes” (Teatro Meridional, 5€ e 7,5€))

Dia 17, Sábado, às 21:30h – “Macbeth” (C/ João Lagarto, 5€ e 7,5€)

Dia 24, Sábado, às 21:30h – “Zé do telhado” (C/Fernando Gomes, comédia musical, 5€ e 7,5€)

Dia 25, Domingo, às 16h – “Rosmaninho e alecrim” (público familiar, M/4, 3€ e 5€)

Dia 31, Sábado, às 21:30h – “A boa alma de Setsuan” (Grupo de Teatro Projector)


Espectáculos no Teatro Municipal

Dia 1, Quinta–Feira, 22:00h – “Kvetch” (Estreia, 7,5€ e 5€)

Dia 27, Terça-Feira, 22:00h – “Não digas nada” (Estreia, Dia Mundial do Teatro, 7,5€ e 5€)


Espectáculos na Oficina de Teatro Mário Pereira

Dia 4, Domingo, às 16h – “O mosquito ZZZZZZZZZZ” (para todos os públicos, 4€ e 5€)
I
Espectáculo Etinerante

O espectáculo “O país imaginário” do Grupo de Teatro Vigilambulocaolho estará em cena em Palhais (Casa Paroquial, 2 e 3 de Março), Lavradio (SFAL, 9 Março), Barreiro (Leças, 10 de Março), Santo António (SFUA, 16 e 17 de Março) e Coina (CATICA, 23 e 24 de Março)- sempre às 21:30h, 5€)

Atelier sobre a temática dos objectos

“Sr. Valéry” do Grupo de Teatro Vigilambulocaolho estará em Palhais (Casa Paroquial, 3 de Março, às 16h), Santo André (FC Qta. Da Lomba, 4 de Março, às 11h), Alto do Seixalinho (Convento da Madre de Deus de Verderena, 10 Março, 16h), Verderena (Junta de Freguesia, 11 Março, 11h), Santo António (SFUA, 17 Março, 16h), Barreiro (Biblioteca Municipal, 18 Março, 11h), Coina (Catica, 24 Março, 16h) e Vila Chã (União Desportiva, 25 Março, 11h) – 3€.

Atelier de Fantoches

Dia 10, Sábado, às 10 e às 15h (M/5, gratuito mediante inscrição prévia, Edifício Américo Marinho, Formadora: Cláudia Geraldes).

Formação para projectos culturais na área do Teatro

Dia 17, Sábado, das 10 às 13h e das 15 às 19h (destinatários: agentes culturais, dirigentes associativos, gratuito mediante inscrição prévia, local: Cooperativa Cultural Artística Barreirense, Formadora: Amélia Pardal).

Portugueses poderão ter de pagar ao quilo o lixo que produzem

na capa do dn de hoje. Trata-se do conceito "pay as you throw"



Em estudo está também a possibilidade de virem a ser obrigados a instalar um contador no cú. Caso seja viabilizada esta proposta, poderá vir a ser adoptado o "imposto da merda"