Altoseixo
Pode-se tirar um gajo do barreiro, mas não se pode tirar o barreiro d'um gajo
9/29/2006
9/27/2006
Na reentré.
No DN: "Patriarca diz que o aborto não é um problema religioso"
É precisamente para não se embaraçar com esses problemas que a igreja não ordena mulheres-padres.
Na bola: "Sporting é agora a única equipa portuguesa nas competicões europeias."
E se este perder, a FIFA pode castigar o Mateus e o Gil Vicente.
Algures: Sócrates e os custos da saúde:Depois de uma pequena fractura no pé, uma enorme factura no telefone. A primeira doeu-me mais, a segunda doer-vos-á, terá comentado.
9/26/2006
O cóboi e a bota de Haditha
Nem a história da guerra do Iraque, nem a imagem que o mundo tem dos EUA (e eles, de si próprios) serão as mesmas, depois de Haditha.
Na manhã de 19 de Novembro de 2005, praticou-se um massacre, nesta pequena cidade cercada de palmeiras e debruçada às margens do Rio Eufrates. Depois de sofrerem uma baixa, causada por explosão de uma bomba, os soldados da Companhia Kilo, do US Marine Corps decidiram vingar-se contra a população civil.
Vinte e quatro pessoas foram assassinadas a sangue-frio.
Nenhuma delas esboçou qualquer gesto que pudesse representar ameaça aos marines. Entre as vítimas estão sete mulheres, três crianças, um bebé de um ano e um velho cego em cadeira de rodas. A vingança prolongou-se por cinco horas, o que exclui a hipótese (igualmente brutal) de um acesso de cólera, provocado pela morte do colega de armas.
Ao invés de punirem a selvajaria, os oficiais que comandavam os soldados decidiram encobrir o episódio.
Dois relatórios militares tratam as mortes como danos colaterais da guerra. Ao invés de esclarecer, o documento lança uma terrível pergunta: quantos episódios semelhantes terão sido abafados, no Iraque, ao serem classificados com tal rótulo, cada vez mais frequente no calão das guerras modernas.
Duas tendências também contemporâneas, a câmara digital barata e as redes de ONGs permitiram que, em Haditha, a história fosse diferente.
Um dia depois da chacina, o estudante de jornalismo Taher Thabet filmou alguns dos corpos e as quatro casas onde foram mortas 19 das vítimas. Thabet mostrou paredes internas, tetos e chão atingidos por balas e salpicados de sangue. O estudante teve o cuidado de filmar, também, as fachadas intactas das construções.
Demonstrou que não houvera combate: os soldados entraram sem resistência e atiraram.
O estudante enviou então o vídeo ao Grupo Hamurabi de Direitos Humanos, que tem sede no Iraque e se articula com outras ONGs internacionais.
Nos primeiros dias deste ano, o documento chegou à revista Time. Os repórteres Tim McGirk e Aparisim Ghosh foram ao local dos fatos e investigaram durante oito semanas.
Em 27 de Março de 2006, a revista Time publicou One morning in Haditha, um texto que, embora em tom ainda inconclusivo, revela todos os fatos essenciais do massacre.
Em 26 de Maio, o New York Times revelou que o inquérito aberto pelo Pentágono após a reportagem de Time estava próximo ao fim.
O coronel Gregory Watt, instrutor do inquérito, havia apurado que muitos dos mortos em Haditha morreram com tiros na cabeça e no peito. Também havia apontado o sargento Frank Wuterich como um dos protagonistas do massacre.
Esta informação foi tornada pública a 31 de Maio exactos 64 dias depois de os fatos serem difundidos pela primeira vez na Time.
No dia 1 de Junho, numa medida típica de relações públicas, o general George Casey, comandante-geral das tropas dos EUA no Iraque, anunciou (sem oferecer qualquer dado complementar) que os soldados norte-americanos seriam agora submetidos a instrução sobre valores essenciais.
No dia 2 de Junho, surgiram duas novas denúncias. Um outro massacre teria ocorrido, em Ishaqui (80 quilómetros a norte de Bagdad), em Março de 2006 e neste caso, parece haver imagens.
Num terceiro episódio, sete marines e um oficial são acusados de assassinato, sequestro e conspiração, cometidos em Abril.
O caso Haditha, além da questão dos direitos humanos levanta a questão da censura a que os media norte americanos estão sujeitos. As duas séries de fotos feitas após os assassinatos permanecem sob censura, acessíveis apenas ao Pentágono. A primeira série retrata os corpos dos iraquianos já ensacados. A segunda teria sido feita pelos próprios soldados, momentos após cometerem a chacina. Mostraria, por exemplo, um pai de família atingido enquanto rezava, diante do Corão.
Vamos esperar para ver a punição e o julgamento dos assassinos. Todos eles foram identificados, a crer no New York Times.
Os media e o publico norte americanos estarão atentos ao desenrolar desta macabra historia. Vamos ver como é que o presidente cóboi descalça a bota que lhe aperta o calcanhar.
Segundo as leis militares norte-americanas, pode aplicar-se, no caso de assassinato cometido em tempo de guerra, a própria pena de morte. O que neste caso não seria de todo descabida dada as dimensões do massacre e a tipologia das vitimas que inclui mulheres, velhos e crianças recem- nascidas.
Qual será a repercussão mediática (e política) deste julgamento, no qual cidadãos norte-americanos podem ser executados por actos cometidos numa guerra que o Estado quer levar adiante, mas a maioria já rejeita?
Em termos de politica internacional, também daqui pode vir algo interessante: Como prosseguir com o julgamento de Saddam Hussein, que pode ser condenado à morte precisamente porque seus soldados teriam promovido a execução de civis inocentes?
Vamos esperar para ver.
9/18/2006
pic nic blogueiro?
A R. via sms encarregou-me (e eu com todo o gosto cumpro!) de convocar o pessoal para um pic nic blogueiro no próximo sábado! O que vos parece? Por mim tudo ok. Deixem por aqui o feed back a mais uma grandiosa iniciativa! No caso de existir um quorum aceitável vejam lá o que é que se leva e onde vai ser. Mata da Machada? Eu cá pela minha parte levo coisas já ready made... Alguém que veja o tempo que vai estar no fim de semana... É capaz de ser importante...
9/15/2006
Quem foi a Eulália Mendes?
A sua biografia é uma metáfora. Melhor que todos os livros de historia, a vida desta beirã, espelha a realidade do século XX com toda a sua miséria e grandeza.
Eulália Mendes nasceu em Gouveia em 1910. Segunda filha da relação de um operário metalúrgico e de uma domestica. A militância politica anarco-sindicalista do seu progenitor, e a pequenez do meio empurram a família para a emigração.
O casal parte em 1912, levando a filha Eulália com dois anos mais um outro filho, um rapaz um pouco mais velho.O destino original seria o Brasil, mas à última hora, por razões relacionadas com tempo de espera e razões porventura financeiras, optaram pelo barco que já estava no Tejo e partiram em direcção a Nova Iorque.
Eulália Mendes frequenta durante poucos meses a escola primária em Boston onde os seus pais se radicaram.
Aos seis anos como todas as crianças da sua condição, vê-se empregada numa das fábricas.
A indústria têxtil americana, sobretudo na costa leste, cresceu como cogumelos à custa da guerra primeira guerra mudial que devastava a Europa.
O trabalho e exploração infantil eram vistos com naturalidade pela sociedade bem pensante norte americana.
Eulália, no seu corpo franzino revela-se demasiado pequena para trabalhar nos teares. Por ser esperta e viva, torna-se ajudante administrativa.
Criança viva, depessa aprende sobre o trabalho e sobre as lutas dos homens. Entre os teares e as sirenes da fábrica a criança frágil dá lugar à mulher inteligente e combativa.
Eulália aprende.
Cedo percebe a injustiça da realidade laboral norte-americana. Cedo aprende a necessidade da luta organizada e consequente.
Com algumas noções do sindicalismo aprendidas em casa e com um dia-a-dia que não lhe permitia outra escolha, aos 18 anos vemo-la dirigir a greve das operárias têxteis de Boston.
Uma greve à séria a de 28!!!
Eulália organiza a greve. A portuguesa prepara esta importante e histórica luta em que os trabalhadores, mais concretamente as operarias têxteis, fizeram parar as fábricas pelo mais longo perodo que ha memória.
Pararam durante seis meses.
Seis meses de greve consecutiva causando milhares de dólares de prejuízo ao patronato que teve que ceder às justas aspirações das trabalhadoras. Bateram-se por salários mais justos e sobretudo pelo direito à sindicalização livre.
Em 28, a luta das operarias têxteis de Boston deve ser vista como uma bandeira vermelha desfraldada aos ventos da mudança.
Finalmente os trabalhadores juntavam-se para lutar contra o capitalismo.Esta luta colectiva deve ser vista à luz da sua conjuntura histórica: falamos do período imediatamente anterior à queda da bolsa de 29. Viviam-se os anos da superprodução. O capitalismo enquanto sistema ainda não tinha sido posto em causa no continente americano.
É no desenrolar da greve de 1928 que Eulália adere ao Partido Comunista Americano e se faz revolucionária a tempo inteiro.Nos anos 30 e 40 as responsabilidades politicas de Eulália são sobretudo ao nível da ligação entre o Partido Comunista e o movimento sindical.
Depois da segunda guerra mundial, com o Partido Comunista Americano ilegalizado e fragilizado por infiltrações e por traições, Eulália prossegue no seu trabalho e na luta.
Agora com responsabilidades mais ligadas aos movimentos pacifistas.
Em 1952, no culminar dos terríveis processos de repressão anti-comunista Eulália é expulsa desse país que era o seu há quarenta anos.
Sem família em Portugal e com o Salazar a ditar a sua ignomínia, Eulália chega a Paris onde com o apoio do PCP segue para a Roménia.
Eulália Mendes viveu em Bucareste até 2004.
A Eulália está viva no trabalho que desenvolveu e no exemplo que deixou.
A sua historia, é hoje aqui servida como um vinho caseiro para beber e partilhar com os amigos.
9/11/2006
11 Setembro
1973.
11 Setembro.
Em 11 de Setembro, os Estados Unidos atacaram o povo chileno atraves da imposição de uma das mais bárbaras ditaduras da história.
O dia 11 de Setembro marca o fim do mais belo sonho tornado realidade na América do Sul.
Para a história ficará o assassinato do presidente Allende e o golpe militar que derrubou o governo eleito democraticamente pelo povo do Chile.
11 de Setembro, o dia em que Pinochet se tornou um dos maiores torcionários da História da Humanidade.
Com a ajuda tecnica e financeira dos gringos depois de 11 Setembro de 1973 foram assassinados e torturados mais de 500 mil pessoas.
Que a data de 11 de Setembro seja lembrada como o dia em que os Estados Unidos atacaram mais uma vez a HUMANIDADE.