Ouvi comentários de pessoas mais esclarecidas e informadas do que eu, que me diziam que, com presença de Portugal na fase final do campeonato do mundo e a sua classificação de quarto lugar, deu ao país um protagonismo internacional muito acima das reais possibilidades da diplomacia portuguesa.
Talvez tenham razão.
Por mais competentes que sejam os cônsul e os adidos culturais, por mais boa vontade que possam ter os embaixadores e o pessoal externo, a projecção deste país onde vivemos terá sempre, mais que não seja o limite que é a sua dimensão e o seu proporcional orçamento.
Com a história do campeonato do mundo foi possível divulgar e projectar a imagem do país a um nível que doutra maneira não conseguíamos.
Usando o judo como metáfora, foi uma questão de aproveitar a oportunidade do campeonato de futebol e fazer o ipon aproveitando toda a força mediatica envolvida e pondo Portugal no mapa-mundo.
Diziam os mais bem intencionados que o governo (tal como todas as marcas de cerveja) apoiou e teve presente em todas as iniciativas do campeonato da bola para promover o país. Sempre apostando nesta lógica de sentido de timing e poupando os cobres à nação que vão sendo escassos.
Pois eu acho, que agora com a crise no médio oriente, o governo do engenheiro José Sócrates perdeu a oportunidade que esteva à espera para dar protagonismo e divulgar ainda mais a imagem de Portugal.
O governo PS, chefiado pelo engenheiro Sócrates, podia e devia ter aproveitado a conjuntura actual do médio oriente e a reacção titubeante da União Europeia para assumir o protagonismo que faria a diferença.
Portugal perdeu uma boa oportunidade para abrir a boca e mostrar ao mundo uma postura de país pequeno mas com carácter.
Quando a França e a Alemanha calaram e gaguejaram, Portugal devia ter falado.
Enquanto a Inglaterra que apoia tacticamente Israel ficou muda, o governo do engenheiro Sócrates, tinha o dever e a obrigação de abrir a boca e dizer de sua, nossa justiça.
A diplomacia portuguesa perdeu aqui uma oportunidade de brilhar deixando claro no parlamento europeu e na ONU a sua condenação à ofensiva sionista.
Ao assumir inequivocamente uma atitude de condenação a Israel, o governo de Portugal, ganhava em todos os sentidos.
Internacionalmente criava o protagonismo necessário e útil no contexto da discussão da consolidação europeia. Ainda internacionalmente, uma tomada de posição contra Israel permitiria uma aproximação táctica aos países islamizados com grandes recursos naturais e com mercados de consumo emergentes para a nossa economia tão fragilizada.
Internamente, se o governo do PS tomasse uma atitudes de condenação às agressões israelitas, estaria a percorrer o caminho ao encontro com a esquerda que elegeu o PS nas ultimas legislativas.
Lamentavelmente o engenheiro Sócrates mais uma vez desiludiu aqueles que ingenuamente nele votarm. Com a sua tipica postura de
o-melhor-é-não-fazer-nada, o primeiro ministro acabou por mais uma vez nos prejudicar a todos.
Esta atitude do PS serviu exclusivamente para acabar com as ultimas duvidas daqueles que esperavam do engenheiro Sócrates uma politica diferente da politica do PSD.
Tambem em relação à política internacional, o PS não foi capaz de se emancipar da forma criada pelo PSD. Mais uma vez, tivemos o crónico servilismo aos Estados Unidos. Mais uma vez o governo Português pôs à frente dos interesses de Portugal os interesses da subserviência à Inglaterra e aos Estados Unidos. Tudo em nome de um tratado arcaico com a Inglaterra feudal que diz YES BOSS (
nós-fazemos-o-que-nos-mandam-e-vocês-deixam-cair-aqui-as migalhas)
A grande diferença na política externa do PS e do PSD, está no protagonismo.
O Durão Barroso conseguiu ao apoiar os Estados Unidos, aparecer com o Bush na fotografia tirada nas lajes e arranjar um tacho na Europa.
O engenheiro Sócrates, o único protagonismo que consegue, e com muito esforço, é ser filmado a viajar no comboio do Cavaco.
Pobre de um povo gerido com tal mediocridade.